Por Redação | A Americanas (AMER3), varejista em recuperação judicial desde janeiro depois da revelação de um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões, recebeu boas notícias em abril: as vendas nas lojas físicas se recuperaram para os níveis pré-crise, ainda que outros indicadores tenham continuado a se deteriorar.
As vendas em lojas físicas aumentaram 37% em abril em relação a março, para R$ 1,5 bilhão de reais (US$ 299 milhões), o que significou o melhor mês desde dezembro passado, de acordo com um relatório operacional mensal do administrador nomeado pela Justiça do Rio de Janeiro.
O caixa da empresa posição também melhorou de uma baixa em março: havia cerca de R$ 1,4 bilhão.
Ainda assim, as vendas pela plataforma digital da empresa continuaram a cair: a receita total caiu 90% em relação a maio de 2022.
A notícia preocupa porque o tíquete médio de venda na plataforma digital é de R$ 294, contra apenas R$ 8,40 nas lojas físicas, segundo o relatório.
A empresa com sede no Rio de Janeiro disse em um documento recente que tem despertado algum interesse de potenciais interessados pela fintech Ame que e poderia adicioná-la ao seu programa de desinvestimento junto com outras marcas como Uni.co e a rede Hortifruti Natural da Terra.
A Americanas contratou o Citigroup (C) para ajudar a encontrar compradores para alguns ativos.
A Americanas registrou que tinha 1.851 lojas em abril, cinco a menos que em março, e que perdeu clientes ativos: eram cerca de 45,1 milhões contra 49,5 milhões no final de dezembro.
Os investimentos foram de R$ 7,2 milhões no mês de abril, de longe o menor valor mensal montante do ano passado, de acordo com o relatório. O total de empregados ficou em 38.847, contra 39.291 em março.
A varejista, que conta com os fundadores bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da empresa de aquisições 3G Capital, como seus maiores acionistas, decidiu buscar proteção judicial dos credores em janeiro, depois o então novo CEO Sergio Rial ter denunciado a existência de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões, efetivamente dobrando os passivos da empresa.
As ações da empresa acumulam uma queda de 88% neste ano, com valor de mercado de R$ 993 milhões. Os títulos em dólar são negociados em torno de 20 centavos.
“Apesar de não ter formalizado ainda acordo com os credores, há predisposição para negociação de boa fé”, a empresa disse ao administrador judicial. “Como é de praxe nessas negociações, ainda há alguns detalhes sendo discutidos.”
Fonte: Bloomberg Linea