O novo aporte da Lojas Americanas em sua controlada B2W, o segundo em menos de dois anos, pode ficar ao redor de R$ 700 milhões. Na terça-feira à noite, a B2W divulgou os números gerais da operação de aumento de capital aprovada em maio pelos acionistas.
De acordo com cálculos feitos pelo Valor, a Americanas subscreveu 45,7 milhões de ações ordinárias a R$ 10 cada uma, totalizando R$ 457,5 milhões. Os acionistas minoritários subscreveram 9,3 milhões de ONs, o equivalente a R$ 93 milhões. A B2W garantiu, portanto, na primeira fase do aporte, cerca de R$ 551 milhões. Ainda há sobras a serem rateadas – faltam 27,2 milhões de ações.
A adesão foi de 67%. Na última capitalização na B2W, no valor de R$ 2,38 bilhões (quando a Tiger Global se tornou sócia da empresa), a adesão inicial foi de 99%.
Ontem, após a divulgação do comunicado a respeito dos totais subscritos, a Comissão de Valores Mobiliários questionou a B2W sobre a alta do papel. A valorização no dia foi de 7,28%. A B2W disse “não ter conhecimento de qualquer informação não divulgada que possa justificar a oscilação”.
O aporte da controladora Lojas Americanas na B2W ocorreu no início de junho, portanto, vai se refletir no balanço de resultados do segundo trimestre. As ações preferenciais da Lojas Americanas fecharam ontem em alta de 0,64%.
Ao se considerar o aporte já feito, de R$ 457,5 milhões, somado ao montante previsto pelo mercado de subscrição das sobras das ações por parte da controladora – cerca de R$ 230 milhões – a Lojas Americanas pode colocar na B2W, pelo menos, R$ 687,5 milhões. Irá superar esse montante se os demais acionistas decidirem não comprar as sobras, já que a controladora já informou ao mercado que pode ficar com a totalidade do saldo de papéis não subscritos.
Mas para alguns analistas ouvidos, é pouco provável que os acionistas deixem de comprar o papel a R$ 10 se estiver sendo cotado no mercado nesta faixa de R$ 11 ou acima disso. Ainda pesa de forma favorável à empresa, no curto prazo, as perspectivas de queda no endividamento.
A capitalização dá – de novo – outro respiro à B2W, por causa do efeito esperado sobre a alavancagem da empresa, que cresceu nos últimos meses, reflexo do alto consumo de caixa na companhia. Nos últimos anos, a B2W ampliou investimentos em sistemas e logística e fez aquisições para tentar reforçar a sua estrutura.
Em março, a relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação estava em 2,8 vezes. Era 1,5 vez em dezembro, ou seja, um crescimento rápido do índice. Na capitalização anterior, em 2014, esse índice havia caído para 0,7 vezes após o aporte, mas acabou crescendo a partir de 2015.
As perspectivas de resultados de vendas da empresa afetados por uma demanda retraída e a possibilidade de que a companhia continue consumindo caixa ainda preocupa o mercado, segundo alguns relatórios de bancos e corretoras.
Em recentes conversas com analistas, o comando da B2W tem rebatido essas análises informando que diminuiu a urgência de novos investimentos altos para dar suporte ao plano de crescimento da empresa. Isso porque parte dos investimentos mais necessários para a expansão – especialmente em aquisições – já teriam sido feitos. E a expectativa de crescimento na participação de mercado, num momento de dificuldade para concorrentes menores e sem acesso a capital, ainda sustenta a visão da B2W de que ela pode recuperar venda nos próximos trimestres.
Os números do primeiro trimestre frustraram o mercado. As vendas líquidas de janeiro a março caíram 19%. O prejuízo passou de R$ 50,4 milhões em mesmo período de 2015 para 132,6 milhões neste ano. A B2W é a maior empresa de venda on-line do país e tem como sócios Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.