Por Redação | O ano começou com grandes empresas do varejo apresentando fragilidade financeira. As projeções, por hora, não são otimistas em relação a isso. As condições adversas de mercado e taxas de juros elevadas continuarão pressionando o fluxo de caixa e postergando a desalavancagem financeira das varejistas. “Os riscos de refinanciamento são gerenciáveis em 2023, mas aumentam significativamente em 2024, em meio a aversão a risco para crédito privado”, prevê a Fitch Ratings, agência de classificação de risco de crédito que publicou nesta quinta-feira (18) o relatório especial “Ambiente Econômico Adverso Desafia Varejistas Brasileiras (Prolongada Pressão Sobre Demanda e Juros Elevados Pressionam Fluxos de Caixa)”.
Segundo Renato Donatti, diretor da área de Finanças Corporativas da Fitch e um dos autores do relatório, “o endividamento recorde das famílias vem pressionando a renda da população, traduzindo-se em menor demanda, especialmente no varejo discricionário, e piora dos índices de inadimplência. Setores voltados a baixa e média renda, com tíquete médio mais alto e que dependem de crédito, como bens duráveis, eletroeletrônicos e vestuário, são os mais vulneráveis a este cenário.”
Para Donatti, a abundante oferta de crédito observada nos últimos anos deteriorou-se repentinamente após diversos eventos corporativos no início de 2023, incluindo o pedido de recuperação judicial da Americanas. Além disso, a Selic está levando mais tempo para cair, afetando significativamente o custo financeiro e os fluxos de caixa das varejistas.
A taxa Básica de juros, a Selic, hoje está em 13,75% ao ano. Ela foi decidida no dia 3 de maio de 2023 pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decidiu manter a taxa.
Rebaixamentos
Desde o início de 2023, a Fitch rebaixou os ratings de Americanas S.A. (Rating Nacional de Longo Prazo D); Guararapes Confecções S.A. (A(bra)/Perspectiva Estável); Companhia Brasileira de Distribuição S.A. (AA (bra)/Estável) e Multilaser Industrial S.A. (A+(bra)/Negativa).
Segundo Donatti, “os rebaixamentos refletiram um desempenho operacional mais fraco do que o esperado e a visão da Fitch de que as margens e a alavancagem financeira levarão mais tempo para se recuperar”.
Fonte: Monitor Mercantil