A compra da Whole Foods pela Amazon, anunciada em junho do ano passado, começa a afetar diretamente a relação da rede de comida saudável com seus parceiros. De acordo com o The Wall Street Journal, vários fornecedores estão insatisfeitos com o aumento do preço cobrado por exposição em prateleiras e a introdução de novas taxas. Além disso, eles reclamam que a rede parou de pagar taxas de envio por alguns produtos.
Alguns dos fornecedores, já estão considerando cortar relações com a rede. As mudanças são parte de um esforço da Whole Foods de reduzir custos e agilizar a comercialização de produtos em suas lojas. Consultada pelo The Wall Street Journal, Brooke Buchanan, porta-voz oficial da Whole Foods, não comentou o assunto. Segundo o jornal, como consequência, algumas lojas da rede estão sofrendo falta de produtos de forma pontual.
Outra matéria, do Business Insider, mostra que as novas taxas da Whole Foods e outras mudanças beneficiariam marcas maiores que podem absorver custos extras. A Amazon pagou US$ 13,7 bilhões pela Whole Foods no ano passado e John Mackye, co-fundador e diretor executivo da rede, continua administrando a varejista.
De acordo com Luis Eduardo Ribeiro, diretor da Lelo Logística e especialista em varejo, existe um choque cultural significativo nas mudanças que Amazon trouxe ao Whole Foods. “A pressão maior sobre fornecedores por redução de preços gera uma zona de atrito. A redução de fornecedores locais é uma consequência que entra em choque com o posicionamento de sustentabilidade da Whole Foods. Acredito que a Amazon deve respeitar a cultura vencedora do Whole Foods e introduzir gradualmente seus ganhos de escala. Até porque ela não possui grande experiência em lojas físicas”, afirma.
Para Leandro Krug Batista, professor da pós-graduação da Universidade Positivo, é importante compreender que o negócio da Amazon é “fulfillment” que representa a integração de todas as operações logísticas e da cadeia de suprimentos para entregar o produto ao cliente com a maior satisfação. “É um movimento natural da empresa buscar reorganizar não apenas a experiência do cliente dentro da loja, mas toda a cadeia de suprimentos envolvida. Movimentos que colocam novas condições para fornecedores geralmente geram pressão e as empresas que não têm competitividade para atender essas condições naturalmente escolherão outros caminhos”, afirma Batista.
Fonte: Meio e Mensagem