No seu movimento mais relevante no mercado brasileiro, a Amazon está lançando hoje o Prime, o programa que dá acesso a frete gratuito e entrega em 48 horas e que se tornou uma das principais máquinas de fidelização da marca ao redor do mundo.
A assinatura custará R$ 9,90 ao mês, com desconto de 25% para o pacote anual, que sai por R$ 89,90 (os primeiros 30 dias, de teste, são de graça). O preço é agressivo: nos Estados Unidos, o produto sai por US$ 119 ao ano. A Amazon está associando suas verticais de conteúdo aos serviços do ecommerce — no lançamento mais completo do Prime em todo o mundo.
Com a assinatura, o cliente do Prime terá acesso também ao Prime Video, o serviço de streaming com séries e filmes que compete com a Netflix, além do Amazon Music, que está sendo lançado no Brasil com mais 2 milhões de músicas e compete com o Spotify.
Outras vantagens incluem também acesso a uma biblioteca de ebooks e revistas da Editora Abril (Veja, Claudia e Saúde), além de downloads de alguns jogos do Twich — uma plataforma de games — tudo de graça.
“Tem uma frase do Jeff Bezos que eu gosto muito que é: ‘O Prime oferece tantos benefícios que é quase irresponsável não assinar,” diz Alex Szapiro, o country manager da Amazon Brasil. “É claro que, com isso, estamos pensando no lifetime value dos clientes.”
A oferta vem menos de um ano depois de a Amazon começar a operar com estoque próprio no Brasil, a partir de dois centros de distribuição em Cajamar, na Grande São Paulo. Nesse modelo, conhecido como um 1P no jargão do setor, é a companhia que controla toda a estrutura de compras, armazenamento, logística e entrega.
Por enquanto, apenas os itens que operam no nesse modelo de 1P estão disponíveis para o Prime — são mais de 550 mil SKUs, numa oferta que vem crescendo dia a dia. No começo do ano, quando a operação teve início, estavam disponíveis menos de 200 mil itens.
Os produtos sinalizados com o selo Prime têm entrega gratuita para qualquer CEP do Brasil, mas a entrega em dois dias úteis ainda é mais restrita.
Num primeiro momento, estará disponível para 90 cidades, incluindo as áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e capitais e principais cidades das regiões Sul e Sudeste.
Até agora, a entrega era gratuita apenas para compras superiores a R$ 149.
O número de itens oferecidos no Prime, no entanto, deve aumentar gradativamente.
A Amazon está começando a testar no Brasil, em projeto-piloto, o ‘fulfilled by Amazon’, a modalidade em que uma mercadoria oferecida por vendedores do markerplace fica em consignação nos centros de distribuição da companhia — que se torna responsável pela logística e entrega, garantindo envio rápido para um grande número de itens.
Mas, repetindo seu mantra de que “não comenta projetos futuros”, Szapiro não quis abrir quando espera fazer um rollout mais robusto do serviço.
O Amazon Prime tem mais de 100 milhões de clientes em todo o mundo. Nos Estados Unidos, serviço já está presente em metade das residências americanas e responde por cerca de 50% das vendas feitas na plataforma.
No Brasil, a B2W já tem o Submarino Prime, com entrega rápida e gratuita por R$ 79,90 ao ano para 2500 cidades do Sul e Sudeste — numa oferta que abrange 1,3 milhão de itens. Até agora, no entanto, o programa não ganhou tanta tração. A oferta de conteúdo da Amazon pode ser uma maneira de atrair mais consumidores para o ecommerce.
Por aqui, as trombetas do apocalipse para a concorrência que foram ouvidas quando a gigante entrou de vez no mercado, em 2017, não se confirmaram.
“O Brasil não é para amadores e, principalmente no varejo, não é pra gringo”, diz um analista que acompanha o setor.
Discreta, a Amazon não abre nenhum número referente a suas operações brasileiras — nem mesmo o número de funcionários. Mas analistas do setor estimam que o total movimentado na plataforma (GMV, no jargão do setor) está em cerca de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões neste ano, contra algo em torno de R$ 500 milhões no ano passado.
“A gente não tem pressa, a gente quer fazer bem-feito”, diz Szapiro. “Estou preocupado em ter o produto que o cliente está buscando, ter certeza que a maior parte dos produtos vai ter o selo Prime, que vou fazer a entrega para a pessoa no prazo que prometi ou menor”. (A Amazon afirma que cumpre os prazos em 98,5% das encomendas)
E continua: “Como a gente está olhando o Brasil não para os próximos cinco anos, mas para os próximos cinquenta, posso me dar ao luxo de trabalhar mais no que faz sentido para o cliente do que para um analista”.
Fonte: Brazil Journal