Alex Szapiro, presidente da Amazon Brasil, fala sobre a estratégia da empresa no País e diz que não há planos de investir em novas categoria.
Produtos e serviços da Amazon como entrega com drone, pedidos com um apertar de botão (Dash Button) e o próprio Kindle, por exemplo, não surgem como proposta de inovação, mas como forma de resolver um problema dos consumidores, afirma Alex Szapiro, presidente da Amazon Brasil desde 2012, quando a empresa chegou ao País.
Segundo o executivo, atender as necessidades do público e melhorar os serviços no mercado de leitura são os focos da operação brasileira, e não há planos de investir em novas categorias por enquanto. “Nossa estratégia é partir de um problema e propor uma solução”
Meio & Mensagem – A estratégia da Amazon para o Brasil vai além dos livros?
Alex Szapiro – Chegar ao Brasil somente com livros digitais e iniciar a operação com livro físico dois anos depois foi uma estratégia em respeito à personalidade do mercado local. Uma operação no Brasil tem peculiaridades que não possui a Índia, que é diferente do México. A pergunta que respondemos, e aí é um ponto em comum para esses mercados, está relacionada à conveniência. Estou conseguindo gerar uma experiência e atendimento a um preço competitivo? Se isso está acontecendo, não temos pressa de crescimento. A experiência que temos de dar é a melhor possível. Chegamos a 12 milhões de livros físicos e mais de quatro milhões de livros digitais no Brasil, e o objetivo é colocar esse repertório em favor da experiência.
M&M – A empresa tem planos de entrar em outro segmento?
Szapiro – Não temos a resposta de quando teremos outros produtos além dos livros no País. Nosso momento no Brasil, e digo isso de forma sincera, é de melhorar ainda mais o serviço na área de livros. Se falo que vou entregar em cinco dias, tenho de fazer isso em menos dias. O que aprendemos muito com o mercado brasileiro é que o nível de serviço aqui é baixo. Toda vez que cumprimos essa missão, que para nós é básica, o cliente se surpreende porque sua expectativa é baixa, não porque nosso padrão seja diferente. Nosso momento no Brasil é focar livros e melhorar a experiência naquilo que já fazemos.
M&M – Pesquisas estão indicando retração no mercado de livros digitais, até que ponto isso afeta a estratégia da empresa?
Szapiro – As pessoas quando falam de livro digital pensam nele como concorrente de outros formatos. Quando olhamos o consumidor de livros, temos que entender que ele tem cada vez mais plataformas à disposição. Nosso esforço é ajudá-lo a buscar essa conveniência, seja no livro digital, mobile, no computador ou físico. Cada comportamento demandará um tipo de produto. Tem o consumidor que demandará um livro físico porque é colecionador ou porque gosta de quadrinhos. Naturalmente, o livro digital é mais barato pela questão logística, mas também temos a experiência de leitura do Kindle, e estamos aplicando ferramentas que ajudam a entregar essa experiência completa. A estratégia da Amazon não é sobre o livro digital, mas sobre a experiência da leitura.
M&M – Como tem sido a estratégia da empresa de ampliar parcerias com marcas?
Szapiro – A parceria com marcas no incentivo à venda de livros está baseada em um objetivo comum que é promover a leitura. Estamos abertos a ampliar essas parcerias desde que haja um objetivo alinhado. O caso recente da Nestlé mostra isso. Fechamos uma parceria para dar livros digitais grátis nas caixas dos bombons Nestlé e Garoto, um total de 35 milhões de caixas. Foi um trabalho interessante porque não era uma simples promoção. Tinha um esforço de curadoria. Tínhamos dez opções de livros que agradavam a dona de casa, o estudante, o trabalhador, o profissional. Ou seja, foi um caso interessante de alcançar um novo público. Ela foi importante para ajudar na visibilidade e no propósito de promover a leitura. Outro caso recente é com portais. Lançamos recentemente no Brasil um visualizador que dá aceso à degustação do livro citado na matéria em sites como O Globo, Catraca Livre e outros. Claro que há interesse das duas empresas de vender livros, mas tinha uma premissa da ação de ampliar o hábito da leitura