Desde o primeiro minuto dessa quarta-feira (12), qualquer pessoa ou empresa já pode vender livros pela Amazon. É que a varejista acaba de colocar no ar o seu marketplace, plataforma que permitirá que pessoas físicas ou jurídicas vendam livros novos ou usados por meio do e-commerce de Jeff Bezos. Com isso, a Amazon garante que ampliou o seu catálogo de 150 mil títulos para 250 mil.
“Com o marketplace, queremos dar força a vendedores e empreendedores de todo o Brasil, ao mesmo tempo que criamos a possibilidade para que clientes encontrem mais facilmente os livros que procuram. Os vendedores poderão aproveitar nossa base de clientes, construída ao longo de mais de quatro anos no País”, resume Daniel Mazini, diretor de Livros Impressos da Amazon.
A Livraria Martins Fontes Paulista, comandada por Alexandre Martins Fontes, é uma das empresas que topou o convite da Amazon e colocou mais de 45 mil títulos à venda no site. “Se você me perguntar qual é o maior desafio do mercado livreiro, vou te dizer que é fazer o produto chegar na mão do consumidor. Ainda mais no Brasil, um país de dimensões continentais. A Amazon é um sucesso no mundo todo porque reúne talento e capital, mas acima de tudo, porque sabe que não basta ter os best-sellers e que é fundamental ter uma boa cauda longa e um bom backlist. Por melhor que a Amazon faça o seu trabalho, a complexidade do mercado é tão grande que até eles reconhecem a dificuldade em se formar um catálogo assim”, resumiu Martins Fontes ao PublishNews.
Em uma busca rápida pelo site da Amazon é fácil encontrar títulos que não estavam disponíveis antes na varejista e que passaram a estar agora com o marketplace. E isso se reforça ainda mais quando se trata de publicações muito específicas. É o caso, por exemplo, do mangá No game, no life, vendido pela NewPop, editora brasileira especializada em mangás, comics, novels e variantes. “[Com o marketplace,] agora, a livraria especializada está dentro do site da Amazon”, disse Mazini.
Livros menos raros também entram na disputa pela atenção do consumidor. No fechamento desta edição, por exemplo, o best-seller Por que fazemos o que fazemos? (Planeta), de Mario Sergio Cortella, estava sendo ofertado por nove players: sete vendendo exemplares novos e dois vendendo exemplares usados. O preço praticado pela Amazon era de R$ 18, o mais baixo de todos os ofertantes, ganhando inclusive do sebo Quixote Belenzinho que oferece o mesmo livro, só que usado, a dois preços R$ 30 e R$ 35.
Martins Fontes diz que não se incomoda em abrir seu preço. “Em 2005, quando assumi a loja da Martins Fontes Paulista, tínhamos, na mesma rua, a Livraria Cultura, a FNAC e a Saraiva e entre elas, estávamos nós, uma livraria praticamente desconhecida. Eu nunca me preocupei com essa concorrência porque entendo que quando você faz um bom trabalho, os resultados aparecem [no caso de Alexandre, ele se orgulha de ter tido crescimentos expressivos e ininterruptos nos últimos dez anos, incluindo os dois últimos anos de recessão. De 2015 para 2016, reportou crescimento de 15%]. Hoje, todas essas livrarias continuam ali e nós só crescemos e nos fortalecemos. Isso mostra que quando você fica muito preocupado com o que o concorrente está fazendo, você deixa de fazer o seu trabalho. Sempre bati na tecla de que você não pode lutar contra uma gigante, como é a Amazon ou a Saraiva, com as mesmas armas que eles têm. Eles sempre serão muito mais fortes do que você. Você tem que lutar com as suas armas e quais são as armas de um livreiro independe? É ter um atendimento mais personalizado, trabalhar com acervo mais rico, ter o livro que o leitor está procurando. Não dá para reconhecer a força e a competência da Amazon e quem sou eu para subestimar a sua importância? Mas eu estou menos preocupado com a Amazon como concorrente do que preocupado em fazer o meu trabalho direito”, disse o livreiro.
Como funciona e quanto custa?
Os interessados em ser parceiros da Amazon devem se inscrever no Seller Central, site para vendedores da Amazon, informando dados como e-mail, CPF ou CNPJ, conta corrente (para receber) e cartão de crédito (para pagamento das taxas). A partir do cadastro, o usuário estará habilitado para oferecer os seus livros. São dois modelos de negócios: o Profissional e o Individual. Para o profissional, há mensalidade de R$ 19 mais comissão de 10% sobre cada transação. No modelo individual não há mensalidade, mas, os usuários pagam R$ 2 mais comissão de 10% sobre cada transação. De saída, a Amazon oferece uma promoção que isenta os perfis profissionais da mensalidade nos três primeiros meses.
Pelo painel de controle do vendedor profissional é possível gerenciar os pedidos por meio de tabelas, utilizar as ferramentas de integração de sistemas via API e definir o preço do frete de acordo com o endereço. No plano individual, essas funcionalidades não estão disponíveis.
Ao cadastrar os livros, os usuários podem verificar quais os concorrentes oferecem aquele mesmo título e a qual preço, o que lhes dá subsídios para tomadas de decisões.
Ao cadastrar na Amazon, vendedores também poderão comercializar seus produtos nos sites da Amazon nos EUA, Canadá e México.
Fonte: PublishNews