O ministro Roberto Freire, da Cultura, recebeu ontem, em Brasília, um entourage da Amazon brasileira. Alex Szapiro, country manager da varejista no Brasil, estava acompanhado pelas gerentes de Relações Governamentais, Joana Almeida, e de Relações com Editoras, Gabriela Berriel Monteiro, e pelo consultor Bruno Ambrósio, da Concórdia Public Affairs Strategies, empresa que, segundo sua página na internet, ajuda seus “clientes a antecipar e reagir às políticas governamentais que afetam seus negócios, planejamento de longo prazo, e até mesmo as funções do dia a dia”. A consultoria ainda afirma em seu site que “relações governamentais e defesa de interesses no Brasil estão emergindo das sombras” e que acredita “que as empresas privadas têm o direito de defender seus interesses e compartilhar suas abordagens inovadoras com o governo e a sociedade civil, de forma transparente e mutualmente benéfica”
Na reunião, foram discutidas possibilidades de a Amazon ajudar o MinC a “fomentar a leitura no Brasil, ampliar o acesso a obras literárias e incentivar a produção de escritores brasileiros independentes”. O ministro estuda a possibilidade de firmar um convênio com a Amazon para disponibilizar gratuitamente obras que estão em domínio público. “Queremos unir a tradição com vanguarda. Esses livros vêm da nossa tradição. Muitos deles são clássicos. Que ótimo que a gente possa oferecer isso em uma ferramenta bem moderna. Esse é um bom exemplo de parceria que estamos pensando em fazer aqui no ministério”, destacou Freire durante o encontro.
Ao ministro, Szapiro disse ainda que duas questões apontadas como razões pelos brasileiros para o baixo índice de leitura seriam a dificuldade de encontrar algumas obras e o preço. “Um dos nossos objetivos é que o livro seja acessível e universal. Com esse foco, estamos tentando criar no MinC uma série de ações com efeitos permanentes”, respondeu o ministro.
O governo brasileiro mantém, desde 2004, o portal Domínio Público, que já reúne quase 200 mil itens entre textos, imagens, sons e vídeos que estão sob domínio público e disponíveis para download gratuito.
Outra proposta que surgiu na reunião foi a da elaboração de um prêmio de estímulo a escritores independentes, que utilizam plataformas digitais on-line para divulgar seus trabalhos. A Amazon lançou esse ano, em parceria com a Nova Fronteira, o Prêmio Kindle de Literatura, que tem exatamente este objetivo.
O ministro convidou ainda a Amazon a participar de um grupo de trabalho que está em formação dentro do MinC, com o objetivo de analisar, discutir e propor mudanças na legislação referente ao depósito legal e à inclusão da guarda de publicações digitais. Cristian Santos, diretor do Departamento do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (DLLLB) do MinC, esteve presente na reunião e destacou que o Brasil vive uma questão delicada em relação à custódia da sua memória bibliográfica “A lei 10.994 (de 2004), que regula o depósito legal, está bastante atrasada em relação aos países de primeiro mundo, porque não contempla documentos digitais. Hoje, ela estabelece que a Fundação Biblioteca Nacional é responsável pela custódia, guarda e disseminação apenas daquilo que é publicado em papel”, explicou.
Em nota, a Amazon disse ao PublishNews que “se colocou à disposição do Ministério da Cultura para iniciativas que favoreçam a democratização do acesso aos livros. Na ocasião, também foi explicado como a ferramenta de autopublicação da Amazon, Kindle Direct Publishing (KDP) tem ajudado autores a publicar seus livros e alcançarem leitores”.
Fonte: Publishnews