“Não temos pressa”, diz Alex Szapiro, gerente geral da Amazon no Brasil desde a chegada da empresa por aqui, em dezembro de 2012. A resposta é a mesma para uma das perguntas mais frequentes feitas ao executivo: afinal, quando a Amazon será no Brasil a potência que é nos Estados Unidos? “A cultura da empresa é que a gente só vai para uma próxima fase quando sentimos que fizemos bem uma coisa”, explica Szapiro ao jornal “O Estado de S. Paulo” no escritório da Amazon, na zona sul de São Paulo.
A Amazon começou no País apenas vendendo o Kindle, seu leitor eletrônico, e uma biblioteca de 13 mil livros digitais em português – hoje, são 97 mil volumes digitais. Em agosto de 2014, a Amazon passou a vender livros físicos no País. A relação com as editoras era difícil, por conta do retrospecto da empresa em negociações nos EUA. “Foi frustrante”, conta Szapiro. Hoje, a situação é outra. “Eles são exemplares na negociação e abrem muitos dados para nós sobre as vendas”, diz um editor que preferiu não se identificar. “Nosso único receio é que eles mudem de postura quando se tornarem líderes do mercado.”
O aumento da confiança na empresa também se refletiu em crescimento. Sem revelar números absolutos, Szapiro afirma que os negócios aumentam a uma taxa de dois dígitos ao ano, considerando vendas do Kindle, livros físicos e digitais e até mesmo o serviço de assinatura de livros digitais, Kindle Unlimited. “Hoje, o Brasil está na dianteira mundial do Unlimited”, diz o executivo, se referindo à participação do serviço na receita local da empresa.
Nuvem
Além de vender livros, a empresa tem outros negócios no País: há a loja de aplicativos para Android, a Amazon Appstore, e o serviço de streaming Prime Video, recém-chegado ao País com catálogo reduzido. “Temos o desafio de melhorar isso com o decorrer do tempo”, diz Szapiro. Fora do guarda-chuva de Szapiro, há também operação da Amazon Web Services (AWS), que tem, pelo menos, seis data centers na região. Entre os clientes, estão startups como Nubank e Guia Bolso, mas também gigantes como a Gerdau e Ministério do Planejamento.
Concorrência
Mesmo afirmando que não há pressa, Szapiro diz que há novos projetos chegando ao Brasil – ele não revelou detalhes. Hoje, a empresa tem mais de cem vagas abertas no País. O principal desafio da Amazon no Brasil é se tornar mais conhecida. “Para grande parte da população, a Amazon não significa nada”, diz Pedro Guasti, presidente da consultoria especializada em comércio eletrônico E-Bit. “Será preciso um esforço para tornar a marca mais conhecida.”
Um exemplo citado por Guasti é o marketplace – serviço que permite anúncios de produtos de terceiros dentro da loja virtual. No Brasil, a empresa não oferece o recurso, que está presente em e-commerces como Ponto Frio e Submarino. “Não dá para subestimar a Amazon”, diz Guasti. “Mas o Brasil é um bicho diferente e o mercado local segue crescendo.”
Fonte: Correio 24 horas