A Amazon se prepara para uma aceleração das vendas no quarto trimestre, mesmo com dificuldades na cadeia de abastecimento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos durante a pandemia, disse ontem Alex Szapiro, presidente da empresa no Brasil, durante a Live do Valor.
Há uma semana, a Amazon fez seu primeiro Prime Day no país – evento promocional realizado pela companhia anualmente em 20 países, que foi adiado para outubro por conta da pandemia – e já se prepara para a Black Friday, no fim de novembro, e para o Natal. “Num primeiro momento da pandemia demos foco a itens essenciais e isso fez com que a gente fosse colocando a data [promocional] mais para frente.”
Do lado da oferta, o executivo vê dificuldades temporárias com algumas categorias de produtos, como computadores. “Houve uma mudança muito grande no comportamento dos consumidores do dia para a noite e a necessidade das cadeias produtivas se adequarem. A indústria de PCs tem uma demanda muito acima da capacidade da indústria entregar”, afirmou o executivo. Ele observou que o home office e as aulas on-line aumentaram a necessidade das famílias terem mais computadores em casa. Segundo ele, outras cadeias produtivas que sofrem atualmente com falta de suprimentos, como linha branca e marrom, levarão meses para se adequar.
Questionado sobre o risco de um desaquecimento da demanda no país com o fim do auxílio emergencial na virada do ano, Szapiro disse que fatores macroeconômicos têm uma influência pequena nos negócios da Amazon. “Estamos no Brasil desde 2012 e, trimestre a trimestre, temos um crescimento muito alto”, acrescentou.
Embora o comércio eletrônico brasileiro tenha registrado um faturamento recorde com a entrada de mais de 7 milhões de consumidores no segundo semestre, segundo dados da E-bit|Nielsen, o presidente da Amazon observou que as vendas on-line ainda têm uma penetração baixa no país, correspondendo a 6% a 7% do varejo total, enquanto em outros países essa participação varia de 25% a 30%.
“O comércio eletrônico tem um crescimento acelerado no país, inclusive pela situação que estamos vivendo. Independentemente do que acontecer no cenário macroeconômico, a tendência que vemos é de crescimento”, ressaltou.
Em setembro, a Amazon inaugurou seu quinto centro de distribuição no país, com um espaço de 100 mil m 2 em Cajamar (SP), e já sinaliza outra expansão. “Não vamos parar por aí, temos muitas novidades pela frente”, afirmou Szapiro. Para planejar seus investimentos, a Amazon considera a experiência do cliente. “Se falo que vou entregar em um ou dois dias, tenho que entregar nessa data ou antes, com taxa de acerto acima de 98%.”
Szapiro lembrou que quando a Amazon chegou ao país, com venda de livros digitais, ouviu de muita gente que o brasileiro não lê e que seria um investimento inútil. “Nossa teoria é diferente. Existem muitas cidades com 300 mil ou 400 mil habitantes que não têm uma livraria. Esses consumidores não tinham acesso a um catálogo extenso de livros a um bom preço. Quando investimos, a venda acontece.”
Os investimentos da empresa se refletem também em prazos de até dois dias para entregas em 400 cidades e de um dia para mais de 10 milhões de produtos.
Em relação à privacidade dos dados dos clientes, Szapiro disse que “a Amazon não está no negócio de vendas de dados” ao contrário de outras empresas de tecnologia ligadas a redes sociais. Em dispositivos com a assistente virtual Alexa, ele informou que a empresa usa menos de 1% dos dados, de forma anônima, para melhorar o entendimento do sistema neural. “O consumidor também pode apagar todo o histórico dele junto à Amazon”, acrescentou.
Outro compromisso da Amazon é o de neutralizar suas emissões de carbono até 2040. No Brasil, Szapiro contou que medidas sustentáveis são aplicadas no dia a dia, incluindo a medição de caixas para aproveitar melhor o espaço em caminhões. A Amazon também busca empresas brasileiras interessadas em integrar o fundo The Climate Pledge, que conta com US$ 2 bilhões para investir em projetos de sustentabilidade.
Fonte: Valor Econômico