Pressão por compromisso ambiental veio do time, formado em boa parte por profissionais da geração Z, afirma presidente da varejista
Por André Jankavski
Em meio à corrida das empresas em se tornarem neutras em emissão de dióxido de carbono, a varejista Amaro decidiu que quer ser uma das primeiras. A companhia anunciou que vai neutralizar toda sua emissão de CO2, estimada em 15 mil toneladas anuais, ainda em 2021. Mais do que isso, quer se tornar carbono negativo: a Amaro assumiu a contratação de 100% a mais em créditos de carbono. Ou seja, a empresa comprou créditos para compensar a emissão de 30 mil toneladas.
Segundo Dominique Oliver, presidente da Amaro, que atua nos segmentos de moda, beleza e decoração, com maior foco no e-commerce, o compromisso não é apenas para 2021. A companhia quer continuar esse desenvolvimento ano após ano, tanto na redução de emissões quanto na aquisição de créditos de carbono para compensação.
“Somos uma empresa formada por profissionais das gerações Y e Z e isso sempre foi muito cobrado dentro de casa”, diz. “As principais empresas do mundo estão falando em chegar à neutralidade em 20 anos, mas a cobrança interna nunca foi por uma solução sutil.”
A companhia com sede em São Paulo começou o trabalho há dois anos, com a criação de um comitê com oito funcionários, sendo sete mulheres. Também contratou a consultoria Go Green Solutions para mapear toda a cadeia da Amaro e calcular a pegada de carbono anual.
Nesse processo, foram calculados desde o momento em que chega a matéria-prima, como o algodão, até as viagens de carros de aplicativo que o corporativo usa no dia a dia. Foi dessa maneira que se chegou às 15 mil toneladas por ano.
Segundo Oliver, 80% de todas as emissões vêm das matérias-primas, 11% do transporte delas, 6% da manufatura, 2% da entrega aos consumidores e 1% do armazenamento. Já o corporativo, assim como as lojas físicas da companhia e as entregas, representa 5% do total.
Mesmo as entregas representando pouco, a empresa pretende ampliar suas viagens de bicicleta, especialmente aquelas que saem das Guide Shops até a casa dos clientes. Atualmente, cerca de 8% das entregas são feitas por essa modalidade.
Além disso, a companhia tem objetivos de curto a médio prazo. Até 2022, a meta é reduzir em 10% a pegada de carbono. Um ano depois, a Amaro se compromete a usar 100% de plástico reciclável em embalagens. Em cinco anos, a Amaro afirma que 50% das suas coleções utilizarão matérias-primas sustentáveis.
A companhia, que tem faturamento estimado de R$ 2 bilhões – a Amaro não divulga seus dados financeiros –, prevê crescer 50% neste ano. Porém, Oliver diz que a pegada de carbono não vai crescer no mesmo ritmo. Mesmo assim, se compromete em continuar dobrando a compensação ano após ano.
Os créditos de carbono contratados pela Amaro têm dois destinos. O primeiro deles é para apoiar o Projeto Fortaleza Ituxi, que tem como foco proteger a floresta do município de Lábrea (AM). Além dele, a companhia também apoia o projeto de coleta de biogás em aterros sanitários ligados à Biofílica.
Para Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail, os assuntos do ESG não são novos, mas a agenda é um fenômeno pós-pandemia. “Os consumidores e investidores estão cada vez mais vigilantes para essas boas práticas e vão começar a discriminar empresas que não atuem nessa área”, diz.
Fonte: Estadão