Shoppings e lojistas entram numa fase de negociação de aluguel e condomínio que será mais complexa do que a anterior, ocorrida quando as lojas fecharam.
A questão já começou gerar controvérsia entre as empresas. Com a reabertura do setor após junho em São Paulo, os shoppings entendem que cabe a retomada de parte do definido nos contratos em vigor. Varejistas, por sua vez, já começam a pressionar para pagamentos parciais. Em abril e maio, com lojas fechadas, houve redução no aluguel ou parcelamentos.
Neste momento os grandes shoppings já informaram varejistas que eventuais renegociações serão individuais. Isso começou a gerar controvérsia. “É só para tirar o poder de negociação conjunta dos lojistas menores”, diz Tito Bessa Júnior, presidente da Ablos, associação de lojas satélites.
“Precisa ser individual porque há lojas que reabriram bem e outras ainda estão mal. E há aqueles fechados, como cinemas e restaurantes”, diz um diretor de shoppings. Os empreendimentos começaram nos últimos dias a encaminhar boletos com a cobrança do condomínio de junho. No começo de julho, passa a ser enviado o boleto do aluguel – em alguns casos os dois boletos vão juntos.
Após esse envio, já houve contato inicial entre varejistas e diretorias de shoppings em São Paulo. Lojistas dizem que só funcionam quatro horas por dia na capital e há comerciantes que preferiram não reabrir por razões financeiras. Logo, dizem eles, aluguel e condomínio teriam que ter redução de até 100%. Já os shoppings dizem que, por contrato, lojas são obrigadas a reabrir após aval do poder público e, após essa determinação, não cabe alegar “força-maior”.
Ainda há um outro ponto polêmico. Boa parte da receita dos shoppings é proveniente de um percentual das vendas dos lojistas ou de um valor mínimo definido em contrato – vale o que for maior no mês. Lojistas ouvidos querem pagar o percentual sobre as vendas em julho, pelo menos, porque o valor mínimo seria alto e “comeria” as vendas. Ainda querem um único boleto com desconto sobre todos os custos do mês, o que alguns shoppings não aceitam.
Fonte: Valor Econômico