Shoppings: excesso de lançamentos fez com que a taxa de vacância nos empreendimentos ficasse em 50%.
A alta taxa de vacância nos shopping centers novos, que soma cerca de 50% entre os malls inaugurados ano passado, sinaliza um mercado desafiador para o setor. Agora, com o número de empreendimentos muito alto, a previsão de estabilidade do segmento, com otimismo, fica para 2022.
“Se, na melhor das hipóteses, acontecer uma retomada ainda que moderada da economia no segundo semestre e que esse movimento se acelere nos próximos anos, serão necessários seis anos para todo o espaço vago existente no mercado atualmente ser ocupado. Ou seja, para empreendedores mais cautelosos, novos projetos devem mirar 2022 ou além”, disse a diretora da unidade de shopping, varejo e imobiliário do Ibope Inteligência, Marcia Sola.
“O crescimento acelerado teve seu preço. Muitos projetos foram superdimensionados ou instalados em localizações duvidosas. O caixa cheio de algumas empresas levou a uma expansão desordenada, cujo resultado é o que se vê agora: shoppings centers com elevadas taxas de vacância e projetos prontos que postergam sua inauguração por falta de varejistas”, diz Márcia.
O cenário fica ainda pior quando se soma a área já em operação aos shoppings que estão em construção. O resultado é um saldo negativo de 23,6 mil operações varejistas, o que representa 29% do número total de lojas existentes nos shoppings atualmente.
Hoje, segundo o Ibope, existem 498 shoppings em operação no País, que totalizam 13,9 milhões de metros quadrados e 82 mil lojas.
Vacância
Segundo a pesquisadora, a taxa de vacância nos shoppings inaugurados entre 2013 2015 forma um cenário bem complicado: foram 13,4 mil espaços abertos para lojistas em 77 novos empreendimentos e pelo menos 6 mil delas sem contrato de locação com lojistas. “Isso representa uma média de 45% de taxa de vacância”, ressalta o estudo.
A vacância dos novos empreendimentos apresenta os piores resultados nas regiões Norte e Centro-Oeste: 56% e 53%, respectivamente.
Mesmo os shoppings inaugurados em 2013, que já passaram por três períodos natalinos, somam taxa de 40%.
Já nos shoppings consolidados, aqueles inaugurados até 2012 a situação é melhor, tendo vacância de 9,1% . “Esse resultado não é desesperador, pois nesse patamar a vacância ainda é gerenciável. O problema é que a fila de espera de varejista na maior parte dos shoppings acabou, o que significa que ficará cada vez mais difícil repor os espaços vagos”, aponta Marcia.
A pesquisa mostra que entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016 foram inauguradas 5,8 mil operações varejistas nos shoppings consolidados, porém foram fechadas 5,6 mil lojas. Nesse período, as categorias que tiveram saldo negativo foram as relacionadas a casa: eletrodomésticos, móveis, decoração e cama, mesa e banho. “Também tiveram saldo negativo as categorias brinquedos e bijuterias”, dizia o estudo.
Por outro lado, as categorias que apresentam saldo positivo são: alimentação, serviços, roupas e calçados. “Há uma tendência clara dos shoppings de ampliar a área ocupada com alimentação e serviços”, salienta Marcia.
No total, somando shoppings novos e consolidados, o estoque de Área Bruta Locável (ABL) e lojas é muito elevado: 1,75 milhão de metro quadrado e cerca de 12 mil lojas. Essa área disponível, revela o Ibope, é o equivalente a, aproximadamente, 58 shoppings de 30 mil metros quadrados.
Na segunda quinzena de março, o Ibope Inteligência contabilizou mais 58 shoppings em construção no País, somando 11,4 mil lojas. A implantação desses shoppings no mercado brasileiro nos próximos três anos representará um crescimento de 15% sobre a atual capacidade instalada.
Desses, quase metade dos projetos previstos para até 2019 está prometida para este ano. Alguns, inclusive, já estavam prontos, mas se viram obrigados a postergarem a inauguração pela falta de varejistas. “Além do momento difícil, há ainda o problema da localização: muitos deles estão localizados em pontos, no mínimo, duvidosos, o que torna as perspectivas de ocupação e atração de fluxos ainda mais preocupantes”, afirma a diretora do Ibope Inteligência.
Fonte: O Negócio do Varejo