Depois de fechar algumas lojas nos EUA, empresa começou a crescer em volume e receita e também aumentou presença na China, disse Roberto Funari na Live do Valor
O presidente da Alpargatas, Roberto Funari, apontou que o crescimento do braço de vendas digitais será prioridade da empresa para as operações no mercado externo em áreas como Estados Unidos, China e Europa.
“Nos Estados Unidos, a empresa tem oportunidade de transformar negócio em digital. Hoje, cerca de 40% das vendas já são digitais no exterior”, disse na Live do Valor desta segunda-feira, destacando que antes a empresa tinha dificuldade de criar um modelo de crescimento naquele país.
Ele explicou que, no mercado dos Estados Unidos, a empresa chegou a fechar algumas lojas próprias no ano passado no caminho de ajustar o negócio. O mercado na China também é uma janela de oportunidade. O executivo disse que a empresa conseguiu aumentar a presença digital no país e avançou também a presença física. “De maio a dezembro do ano passado a gente começou a crescer. Nesses mercados chaves a gente cresceu em volume entre 15% e receita em moeda forte entre 20%”, disse.
Auxílio emergencial
O presidente da Alpargatas destacou que o negócio do grupo não deve sofrer um efeito rebote com o fim do auxílio emergencial do governo federal, que teve papel fundamental para sustentar a economia durante a pandemia de covid-19.
O executivo destacou que a empresa tem hoje 300 mil pontos de venda no Brasil e que todos eles foram monitorados durante a crise. “Vemos que essa aceleração permanece. O auxílio teve papel de amenizar a queda da economia e teve papel importante na população na linha da pobreza. E isso ajudou a manter a base. Mas estamos confiantes que foi o plano de negócio que trouxe salto”, afirmou.
O executivo disse que o mercado brasileiro de calçados se retraiu em 22% no ano passado, enquanto a Havaianas conseguiu crescer. “Esse crescimento não é explicado apenas pelo cenário macro”, acrescentou.
Pandemia
Funari destacou que o grupo não conta com uma solução rápida para a pandemia no Brasil. A vacinação começou no País, mas está atrasada diante da falta de insumos.
“Do ponto de vista de planejamento de negócio, aprendemos bastante (com a pandemia). Estamos multiplicando os acertos. Já sabemos operar nessa nova realidade e estamos entrando o ano otimistas com o negócio”, disse.
O presidente da Alpargatas disse que a empresa hoje sabe investir onde traz mais retorno durante a pandemia e que está preparada para 2021. “A pandemia deve se estender mais. Não contamos com solução imediata. Mas temos preocupação, sim, no ponto de vista social e de saúde. Temos de apoiar para acelerar a vacinação”, defendeu.
Ressignificar
O fim drástico da Copa do Mundo de 98, em que o Brasil perdeu para a França na final, tinha tudo para frustrar o modelo da Havaianas com o desenho da bandeira do Brasil na tira. Batizada então de Havaianas Copa, o modelo acabou encalhando nas prateleiras após a derrota. O grupo, entretanto, buscou ressignificar o projeto, que hoje é sucesso de vendas fora do País sob o nome de Havaianas Brasil.
O então principal jogador da seleção, Ronaldo Fenômeno, teve uma convulsão um pouco antes da partida e quase não jogou. A derrota foi por 3 a 0. Na época, a equipe da Havaianas na Europa pediu que fosse enviado o estoque para o continente. “Eles disseram: manda para cá porque o europeu tem simpatia pelo Brasil”, disse Funari.
O calçado foi então rebatizado para Havaianas Brasil. Funari contou que hoje o modelo é o que mais vende fora do Brasil e supera, inclusive, as vendas internas do chinelo com a bandeira brasileira. Por aqui, os modelos com mais saída são os coloridos. Hoje, a empresa vende cerca de 250 milhões de pares de Havaianas no mundo, sendo 225 milhões dentro do Brasil. Segundo Funari, há um forte espaço para fazer crescer o negócio internacional da marca.
Fonte: Valor Econômico