Por Moacir Drska | Assim como fluxo dos 58 shoppings sob sua administração, a Allos, gigante do setor fruto da fusão entre a Aliansce Sonae e a BRMalls, está tendo uma noite bastante movimentada nesta quinta-feira, 9 de maio.
Após o fechamento do pregão na B3, a empresa embalou a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2024 com um pacote de três anúncios: uma aquisição, um novo programa de desinvestimentos – acompanhado de uma primeira venda – e um novo programa de recompra de ações.
O grupo assinou um documento vinculante para a compra de até 15% do Shopping RioSul, no Rio de Janeiro. Os valores envolvidos no acordo não serão revelados até que a negociação, ainda sem previsão de conclusão, seja concretizada.
Essa é a primeira aquisição de uma participação feita pela empresa desde março de 2021. Na época, antes da fusão, a Aliansce Sonae adquiriu 21% do Shopping Leblon, também na zona sul carioca, por R$ 275 milhões.
Já na ponta dos desinvestimentos, frente em que a companhia tem sido bastante ativa desde a aprovação da fusão, no início de 2023, a Allos anunciou a venda de sua fatia de 50% no Top Shopping, em Nova Iguaçu (RJ). A transação, cujo comprador não foi revelado, foi fechada por R$ 111,5 milhões.
“Estamos trocando um shopping onde a renda média é mais baixa e a perspectiva econômica um pouco pior por um shopping líder de mercado, em uma região com uma perspectiva melhor, e que reforça o nosso ecossistema comercial”, diz Daniella Guanabara, CFO da Allos, ao NeoFeed.
Para reforçar o racional e a importância dessa investida, a executiva ressalta que o novo empreendimento prestes a reforçar esse portfólio seria o terceiro maior shopping da Allos em vendas e o quarto maior em resultado bruto.
“Vamos mais desinvestir do que investir”, afirma a CFO, quando questionada se a Allos vai voltar às compras. “Com a fusão, alguns ativaram ficaram pequenos para o portfólio. Mas são ativos importantes em suas regiões e que cabem bem no portfólio de outros agentes, como os fundos de investimento.”
Como parte do que já foi cumprido dessa agenda, entre o primeiro trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024, a Allos realizou desinvestimentos totais e parciais de dez empreendimentos.
Na manutenção desse viés, o grupo também anunciou hoje um novo plano de desinvestimentos com o objetivo de gerar até R$ 1 bilhão em recursos. A executiva ressaltou, porém, que não há um prazo para cumprir essa meta.
“Vai depender das condições de mercado e de acharmos o valuation correto”, diz Guanabara. “Mas como ainda enxergamos demanda, o preço da ação está atrativo e uma boa alocação de capital, vamos usar parte desses recursos no novo programa de recompra de ações estamos anunciando.”
O novo programa foi aprovado pelo Conselho de Administração e envolve a aquisição de até 3,9% do capital. “O programa é importante para reforçar que a companhia segue achando que as ações estão descontadas”, afirma a CFO.
Balanço
No balanço do primeiro trimestre, o principal ponto destacado pela executiva foi o FFO (Funds from Operations), que cresceu 36,5%, em base anual, para R$ 289,7 milhões. Já o FFO por ação avançou 41% na mesma base de comparação.
Já a receita líquida teve uma expansão de 8,7%, para R$ 622,4 milhões. A executiva atribuiu parte desse desempenho às receitas geradas em estacionamentos, que avançaram 21%, e, particularmente, a helloo, braço de mídia do grupo que atende aos shoppings do portfólio e outros 100 empreendimentos de terceiros.
Em outros dados, a taxa de ocupação de 96,3% se manteve estável em relação ao quarto trimestre de 2023 e veio pouco abaixo do patamar de 97% registrado há um ano. Já a inadimplência líquida ficou em 3,6%, contra 4,7% no mesmo intervalo do ano passado.
O Ebitda ajustado avançou 9,7%, para R$ 453,3 milhões, enquanto a margem Ebitda ajustada evoluiu de 72,1% para 72,8%. O lucro líquido, por sua vez, foi de R$ 91 milhões, enquanto as vendas totais nos shoppings do grupo cresceram 8,3%, para R$ 9 bilhões.
As ações da Allos encerraram o pregão desta quinta-feira cotadas a R$ 20,59, queda de 2,51%. No ano, os papéis registram desvalorização de 22,4% e o grupo está avaliado em R$ 11,2 bilhões.
Fonte: Neofeed