A melhora do poder de compra do brasileiro reanimou o setor de alimentação fora do lar no País. Do fast-food à comida tradicional, o plano é aproveitar a letargia de outros setores da economia, como o preço para locação de imóvel, para acelerar a abertura de unidades ao longo deste ano.
“O varejo tem nas mãos um momento único: por ser um dos segmentos da economia a se recuperar primeiro, é possível negociar preços com setores ainda em crise, o que pode resultar em bons contratos”, afirma o advogado e especialista em varejo do escritório Buonomo & Motta, Rafael Seixas.
Além da melhor negociação de preço para locação de imóveis, o especialista cita a oportunidade para renegociar gastos com logística e outros serviços que a empresa consome, além de aproveitar o momento para conversar com os fornecedores.
“A alimentação fora do lar já deu sinais de melhora. No final de 2017, por exemplo, os shoppings tinham um volume bem maior de clientes nas praças de alimentação que em 2016”, comentou especialista em varejo da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL BH), Carlos Ruivo.
E é contando que o ponto de inflexão do setor já chegou que o presidente do Divino Fogão, Reinaldo Varela, entra ainda mais otimista em 2018. Se no ano passado a empresa abriu oito unidades e viu o faturamento crescer 15%, neste ano o plano é avançar ainda mais. “O Divino Fogão projeta inaugurar 10 novas unidades, chegando a 195 lojas, sendo sua grande maioria nos estados da região Sudeste, onde a economia apresenta melhores números pós-crise.”
Em operação desde 1984, a rede aderiu ao modelo de franquias em 1994 e, segundo Varela, a impulsão da alimentação fora do lar sustenta o setor, ainda que em meio a uma recessão como a que atravessamos. “É uma área que sempre gostei e que acredito no potencial de crescimento, afinal, as pessoas precisam se alimentar fora de casa”, corrobora.
Também especializada na comida brasileira, a rede Panelinhas Brasil entrou em 2018 com metas ambiciosas: a abertura de 10 novas lojas e alta de até 30% no faturamento, quando comparado a 2017. Ao DCI o diretor executivo da rede, Paulo Seabra, contou que a empresa abriu quatro unidades em 2017, além de inaugurar uma fábrica, o que melhorou o cenário para este ano. “Estamos colhendo frutos do trabalho realizado nos últimos anos. Neste momento, temos vários investidores interessados em levar a marca para suas cidades; eles aguardavam sinais de melhora da economia”, comenta o executivo.
Para este ano, a empresa investirá em um aplicativo próprio, em um movimento para se aproximar do público mais jovem. “Nele, inclusive, será possível inclusive fazer pedidos para delivery ou para retirar em qualquer uma de nossas lojas sem filas, pagando direto pelo app”, conta.
Com um resultado forte em 2017, os planos da rede Oven Pizza, que trabalha com um dos pratos preferidos do brasileiro, seguem ambiciosos este ano. Segundo o CEO da rede, Rafael Soares, foram abertas 16 unidades ao longo do ano passado, cinco lojas a mais que o previsto no inicio de 2017. “A projeção é abrir em 2018 mais 17 lojas, e assim, encerrar o ano que vem com 40 unidades em operação”, comemorou ele, lembrando que sete unidades para serem aberta nos próximos meses já foram firmadas.
A empresa, que se coloca no mercado como fast casual foi fundada em 2014 no Paraná e apoia o crescimento na maior busca do brasileiro por soluções rápidas e saudáveis de alimentação fora do lar. “Apesar do momento econômico e político desafiador, a Oven Pizza tem conquistado espaços nos shoppings atendendo um nicho de mercado consumidor que procura alimentos customizados e saudáveis”, afirma.
Com foco em culinária asiátiva, a rede Jin Jin, marca do Grupo Helipar, segue otimista. Segundo o diretor de Marketing e Comunicação da Halipar, Christiano Evers, 2017 foi marcado por grandes esforços para atravessar a crise, mas o trabalho deu resultado, e a empresa conseguiu crescer 15%. Em 2018, a meta é avançar mais e bater alta de 20% no faturamento. “Há espaço para crescimento em todas as regiões do País. Mas vamos reunir esforços para crescer em grandes centros urbanos como no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e capitais nordestinas”.
A empresa abriu oito unidades ao longo do ano passado, e para as inaugurações previstas para este ano, a entrada em vigor das novas regras trabalhistas no País darão ao fraqueado novas opções de contrato.
“Começamos a trabalhar com modelo de jornada 12x 36 em algumas lojas e outras fizeram a redução do intervalo de para 30 minutos”, disse ele, lembrando que, por agora, a rede optou por não aderir ao trabalho intermitente.
Fonte: DCI