O gigante norte-americano do comércio Walmart tem mais um motivo para se preocupar com a irrupção da Internet no negócio do comércio varejista. O portal chinês de comércio Alibaba comunicou na quarta-feira, ao regulador de Wall Street, que ultrapassou a rede norte-americana quanto ao valor das vendas brutas que realiza em suas diferentes plataformas, o que de fato o transforma na maior empresa do mundo em vendas no varejo.
Ao analisar este ranking de varejistas, é importante destacar que as duas empresas são muito diferentes: o Walmart é uma rede de grandes lojas, que comercializa produtos que compra de fornecedores e vende em seus próprios centros logísticos. Fatura diretamente por esses produtos. Enquanto isso, o Alibaba é na realidade um intermediário virtual: gerencia uma plataforma na qual empresas terceirizadas comercializam seus produtos, em troca de uma comissão para o gigante chinês. Assim, o volume de suas vendas é enorme (o maior do mundo, segundo esta última revisão), mas suas receitas finais não correspondem a essas vendas, e sim à porcentagem que cobra de comissão.
O Alibaba é um grande armazém virtual. Seu crescimento foi exponencial. Já corresponde a três quartos do negócio varejista na China, o país mais populoso do mundo. A companhia fundada por Jack Ma está paralelamente em processo de levar esse domínio acachapante para além de seu mercado natural na Ásia, podendo assim fazer frente à Amazon. Com o resultado atual, supera em quase meio bilhão de dólares o valor da mercadoria movimentada pelo Walmart em 2015.
O conglomerado adiantou há duas semanas, dez dias antes de fechar suas contas anuais, que acumulava no ano um volume bruto de vendas de 476 bilhões de dólares [cerca de 1,75 trilhão de reais]. O crescimento do Alibaba está sendo espetacular, triplicando em apenas três anos, e a expectativa é a de dobrar em 2020. Já na publicação dos resultados do terceiro trimestre, os números apontavam para mais de 400 milhões de compradores ativos na China.
Por ter ações na Bolsa de Nova York, o Alibaba deve comunicar qualquer fato relevante de seu negócio ao regulador do mercado de valores nos EUA. Os dados relativos às vendas anuais brutas realizadas por seus portais Taobao e TMall são auditados pela PriceWaterhouseCoopers. A empresa concretizará os números em duas semanas, quando apresentará resultados.
Este volume de vendas massivo do Alibaba também põe em evidência que o consumidor chinês passa por uma mudança similar à que se vê nas economias ocidentais, na qual as vendas que antes eram feitas em lojas físicas estão migrando para o comércio eletrônico. As vendas do portal já representam 10% da receita que o negócio varejista movimenta na China.