Alibaba, o gigante chinês do comércio eletrônico, sinaliza forte interesse em atrair mais empresas brasileiras para usar sua plataforma, e também aderirem a uma futura “zona global de livre comércio digital”, para alavancar as vendas no mercado chinês e globalmente.
A equipe de Jack Ma, presidente e fundador da companhia, constata no Brasil um movimento importante de importações de produtos chineses encomendados pela internet. O tráfego diário a partir de Alibaba é de 70 mil pacotes na média para o mercado brasileiro. Mesmo depois do pagamento de todas as taxas na importação, a diferença de preço ainda é significativa, segundo a companhia.
Jack Ma considera que a China não precisa mais de empurrão para exportar, e que dá para estimular mais empresas estrangeiras, principalmente as pequenas e médias (PMEs), a alcançar diretamente o enorme potencial do consumidor chinês.
A equipe da Alibaba elogia o acordo feito no Brasil com o Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Com o acordo, os dois lados ajudam os fornecedores brasileiros a melhor entender as nuances do mercado eletrônico chinês. E está agora na hora de impulsionar efetivamente mais negócios.
O Alibaba tem 430 milhões de usuários e recebeu 12,7 bilhões de encomendas no ano passado. O total de vendas foi de US$ 485 bilhões e o lucro de US$ 15,7 bilhões. Sem surpresa, tornou-se o maior varejista do mundo, superando o Walmart, que registrou vendas de US$ 482,1 bilhões no mesmo período.
O plano do Alibaba é passar de uma companhia chinesa de comércio eletrônico para uma verdadeira companhia global localizada na China. Tem sua sede mundial em Hangzhou, onde foi realizada a reunião da cúpula do G-20, nesta semana. O primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turbull, deixou rapidamente o encontro para ir conversar no Alibaba com Jack Ma. Seu pedido: ver como ter mais produtos alimentares frescos australianos vendidos através dessa plataforma.
A principal visita que Jack Ma recebeu na sede da empresa foi a do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, quando discutiram as possibilidades de utilizar plataformas eletrônicas globais para expandir as fronteiras do comércio para as PMEs.
O presidente do Alibaba tem plano de construir uma “zona global de livre comércio digital” somente para PMEs. Uma regra será o equilíbrio nas trocas entre os países que aderirem. Se um está exportando muito e o outro não, o comércio é suspenso até o segundo empatar o total de vendas. Como o alvo são as PMEs, elas podem exportar até US$ 1 milhão ou US$ 2 milhões por ano. É algo a ser decidido. Se passar desse teto, as vendas ficam suspensas naquele ano.
Tudo isso deverá se encaixar com a iniciativa eWTP, uma plataforma mundial para comércio eletrônico que, nesse caso, servirá como fórum para buscar redução de barreiras e de outras dificuldades, envolvendo setor privado, governos e entidades internacionais.
Jack Ma quer fazer progressos rápidos com países que realmente queiram participar. E espera que o Brasil seja um deles. Nada menos de 75% das empresas exportadoras no país são PMEs, mas elas só fazem 5% do volume, segundo o ministro das Relações Exteriores, José Serra.
Na conversa com Jack Ma, Azevêdo disse ter constatado uma visão comum. A OMC tem grande interesse em fazer com que o comércio seja mais inclusivo e possa realmente abrir chances para as PMEs. E dá para juntar dois objetivos. De um lado, estimular o comércio eletrônico com regras claras e de outro facilitar o caminho para as PMEs.