Em teleconferência com analistas nesta manhã, a Aliansce Sonae disse que os consumidores têm voltado aos shoppings de forma mais confiante, e que os empreendimentos abertos têm feito 50% da venda neste momento — a taxa era de 40% na primeira semana de reabertura de seus centros de compra. A empresa não detalhou a base de comparação — se a alta se refere a venda pré-pandemia ou se é comparada aos meses de abril e maio de 2019.
A empresa é sócia em 27 empreendimentos e administra 12. A ação do grupo subia 7,62% às 12h02, para R$ 25,39.
A Aliansce Sonae ainda não tem previsão de abertura de shoppings nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro porque isso depende de decretos municipais de liberação no funcionamento. A companhia tem 36 de seus 39 shoppings com sistema de “drive-thru”.
Segundo o comando da companhia, o mercado no país operava, até dias atrás, com 88 shoppings abertos de um total de cerca de 570. O número é menos de 1/6 do total. A Abrasce, associação do setor, informou que esse número subiu para 99 ontem.
Sobre pagamento de alugueis, fundo de promoção e condomínio, a empresa informa que entrou em renegociação com revisão de valores e parcelamento de aluguel já vencido, por exemplo. A Aliansce Sonae concedeu 50% de desconto no aluguel referente a março e 100% em abril e trabalhou com corte de custos condominiais, para reduzir despesas gerais.
Segundo o presidente Rafael Sales, os lojistas têm pago os valores renegociados e sido “compreensivos” nesse processo, assim como a companhia buscou criar condições para que essa negociação ocorresse de forma mais tranquila.
“É preciso um equilíbrio nesses pagamentos de aluguel, condomínio e fundo de promoção. A gente quer, claro, que paguem o condomínio, deveremos receber 80% no fim de maio. Lojistas já pagaram 75% até agora. Então o que buscamos é um equilíbrio de todos nesse processo”, disse.
Ajustes
O grupo disse também que não vê um grande pedido de saída de lojistas de seus shopping centers. “Não há volume representativo de rescisões. Não consideramos vacância aumentando mais de 1 ponto, porque renegociamos condições [do contrato] com lojistas [taxas e aluguel]. O que deve ser afetado é o ritmo de assinatura de novos contratos de locação”, afirmou Sales.
O executivo ainda afirmou que “se os shoppings continuarem fechados mais um ou dois meses, a empresa não vai ter problema de covenants”.
“Se tivermos queda relevante de Ebitda [lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação], ainda estaremos respeitando os covenants e podendo investir R$ 1 bilhão ainda”, disse ele.
A Aliansce Sonae disse ainda que reduziu salários de empregados entre 10% e 40%, com variação na taxa de acordo com nível salarial. Empregados que recebem menos tiveram redução salarial menor.
O CEO ainda afirmou que as que despesas caíram de 20% a 23% no segundo trimestre sobre o primeiro trimestre, por conta das renegociações de contrato e fechamento temporário dos shoppings.
A Aliansce Sonae registrou no primeiro trimestre um lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 103,9 milhões, um aumento de 3,7 vezes em relação aos R$ 27,8 milhões apurados no mesmo período de 2019. As informações constam no informe trimestral de resultados (ITR).
A receita da companhia passou de R$ 127,3 milhões para R$ 229,3 milhões, alta de 80,1%, com a receita bruta de aluguel avançando 75,4%, para R$ 243,6 milhões.
Fonte: Valor Econômico