Grupo projeta investir R$ 200 milhões na área, incluindo aquisições, e compra Box Delivery
Por Adriana Mattos
Como reflexo do avanço do comércio eletrônico no negócio dos shoppings, a Aliansce Sonae informou ontem a criação de um braço de operação digital, a Alsotech, e a aquisição de dois negócios que farão parte dessa estrutura, com foco em logística e tecnologia.
Uma das empresas compradas é a Box Delivery, companhia de entregas fundada em 2016, presente em 153 cidades e cerca de 100 mil entregadores cadastrados. Foi adquirida uma fatia da Box – a companhia não informa o percentual. Sobre a segunda aquisição, a Aliansce informou em nota que está em fase de assinatura e deve comunicar detalhes nos próximos dias.
German Quiroga, ex-executivo da Americanas e Cnova (GPA), será sócio minoritário da Alsotech, e deve fazer parte das discussões para a criação de uma plataforma mais robusta do grupo. A Aliansce e Quiroga aceleraram as conversas para um acordo após a saída do executivo do conselho de administração, em setembro de 2020. Quiroga ainda é sócio da consultoria Omni55.
A Alsotech ajudará a integrar lojistas dos 27 shopping centers da Aliansce aos “marketplaces” de cada empreendimento (plataformas de shopping virtual) e ) e outros administrados pela companhia, num total de 39. No momento, o grupo tem dois shoppings com markeplaces apenas, e outros cinco (todos no Rio de Janeiro) devem ser criados até fim do ano.
Para que a iniciativa ganhe peso, é preciso oferecer um sistema e uma logística mais “rendondos” às lojas, e isso ainda está em formação. O grupo projeta R$ 200 milhões em investimentos no braço digital em dois a três anos, incluindo a compra de novos negócios para criar esse ecossistema.
“A Alsotech deve funcionar como um ‘corporate venture capital’, centralizando os negócios digitais que forem incorporados ao grupo. Eles podem trabalhar para nossos lojistas, e também com marketplaces de concorrentes, trazendo mais negócios ao grupo”, disse Rafael Sales, presidente da Aliansce Sonae. A Box já faz entregas para redes como McDonald’s, Madero, Bob’s, China in Box e RaiaDrogasil, e isso se manterá.
No modelo que vem sendo montado, as lojas devem se conectar com o marketplace dos shoppings, e os empreendimentos da Aliansce terão uma área de retirada de itens comprados on-line gerida pela Box Delivery. Outras plataformas (como iFood ou Rappi) também terão espaços próprios. “Nós não vamos impedir que outros tenham seus hubs, mas achamos que as lojas vão acabar usando a Box porque será a melhor escolha. Ela já estará integrada aos nossos marketplaces”, diz Sales.
Segundo Quiroga, é preciso levar esse modelo em construção aos vendedores. “Vamos digitalizar muitos lojistas que ainda estão dando seus primeiros passos na área. Começamos por tecnologia e logística porque são os pontos mais complexos e fundamentais desse modelo”, disse.
Investidores já vinham aguardando medidas mais concretas do comando da Aliansce nessa direção. “O mercado tem uma ansiedade, mas não abrimos mão de execução”, diz Sales. Grupos como BRMalls e Ancar, com atuação no Rio, onde a Aliansce é forte, também já vem anunciando iniciativas na área. Desde 2017, Sales disse que foram analisadas cerca de 100 empresas (entre startups e outros negócios), e 20 ficaram dentro das necessidades do grupo, até fechar as duas aquisições.
Sobre o desempenho de vendas neste ano, Sales disse que a demanda no Norte e Nordeste está mais acelerada, mas São Paulo vem melhorando a cada mês. “Nossos shoppings em Belém e Manaus já estão com vendas 15% acima de 2019. E São Paulo, que antes caía 20%, agora cai 10%”.
Fonte: Valor Econômico