A Aliansce Shopping Centers estuda um aumento de capital de cerca de R$ 500 milhões, segundo apurou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Parte dos recursos deve ser aplicada na compra de uma fatia da participação do diretor presidente da empresa, Renato Rique, no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro.
A capitalização também deve ser utilizada para reduzir a alavancagem da empresa. Com participação em 19 shoppings no país, a Aliansce tem postergado investimentos, de maneira a reduzir saídas de caixa, e negociado formas de trocar suas dúvidas por outras, com menor custo e maior prazo.
O maior acionista da Aliansce, o fundo Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), com cerca de 40% da companhia, deve acompanhar o aumento de capital para não ter sua participação diluída. O fundo soberano de Cingapura (GIC), com 15% do capital, também deve acompanhar para evitar diluição, apurou o Valor.
Segundo uma fonte a par do assunto, a aquisição de uma fatia de Rique no Leblon deve consumir parte dos R$ 500 milhões do aumento de capital que está sendo planejado. O empreendimento é administrado pela Aliansce. Rique detém 35% do Leblon, por meio de suas empresas de participação de capital fechado, segundo informações arquivadas pela Aliansce na BM&FBovespa.
Localizado em área nobre do Rio, o Leblon tem cerca de 200 lojas, parte delas de marcas premium, focadas nos públicos A e B. Procurada, a empresa não se manifestou sobre o assunto.
A aquisição deve acontecer ao mesmo tempo em que a Aliansce avança em medidas para reduzir a sua alavancagem, após um ciclo de investimentos mais forte finalizado em 2014. Esse período envolveu aberturas e expansões de forma mais acelerada – foram até seis ampliações e três inaugurações anunciadas ao ano.
Em junho, a dívida líquida chegava a quase R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 114 milhões de curto prazo. A relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação estava em 3,9 vezes em junho (versus 4,1 vezes no fim de 2015), abaixo do verificado um ano atrás (4,4 vezes). A queda se acentuou após a venda de participações em shoppings após 2015.
Na terça-feira, em teleconferência com investidores, a empresa reforçou que tem avaliado formas de trocar suas dívidas por outras com menor custo e maior prazo. O capital a ser obtido com a emissão de Certificado de Recebíveis Imobiliários, ainda em andamento, no valor de R$ 175 milhões, deve ser usado para reduzir endividamento.
Ainda nesta semana, a empresa voltou a informar mudanças na sua base de acionistas, após a decisão dos sócios canadenses do CCPIB de exercer direito de preferência na compra de fatia de 11,3% que pertencia à General Growth Properties (GGP).
No início do mês, a empresa divulgou que, como a GGP queria deixar o negócio, a Jaguar Growth Partners fechou acordo para compra dos 11,3%, a depender de um conjunto de “condições precedentes” que precisavam ser cumpridas – entre elas, o CCPIB não poderia exercer seu direito de preferência na compra. Mas os canadenses decidiram comprar a fatia.
Fonte: Valor Econômico