Uber, iFood, Spotify, Microsoft, Booking.com, Magazine Luiza. O que essas empresas têm em comum? Além de ser difícil imaginar uma rotina sem algum serviço oferecido por elas em pleno 2019, todas são clientes de uma fintech que vem revolucionando o setor de pagamentos: a Adyen.
Sediada na Holanda, a processadora de pagamentos oferece uma plataforma totalmente integrada “fullstack” , ou seja, de ponta a ponta. Grandes empresas contratam os serviços da Adyen para que a empresa cuide de toda a parte de pagamento: do recebimento, liquidação, soluções antifraude, a segurança, tanto online quanto no mundo físico. Mas o pagamento ocorre dentro dos ambientes de cada cliente, sem precisar passar por uma plataforma externa (como ocorre com o PayPal).
E a estratégia de oferecer praticidade e inovação vem dando certo. Conforme o relatório de resultados financeiros divulgado na última quarta-feira (27), a Adyen viu sua receita líquida crescer 60% para 348,9 milhões de euros e seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentar 83% para 181,9 milhões de euros em 2018, ambos na comparação ano a ano. O lucro da fintech vem da taxa cobrada em cada transação feita pelos clientes.
Em entrevista ao InfoMoney, Jean Mies, presidente da Adyen para a América Latina, afirmou que a empresa acredita ter trazido uma solução para o mercado que se encaixa com as expectativas dos consumidores em relação a como querem fazer compras e como querem pagar pelos produtos adquiridos.
“De fato, estamos muitos satisfeitos. A Adyen vem crescendo em uma dinâmica bastante acelerada e estamos expandindo nossa cobertura e impacto ao longo do tempo. Tem um fit entre a nossa solução e a demanda das grandes empresas. Oferecemos transparência. Nossa plataforma entrega um processo completo, simplificado e ainda melhora a interação entre nosso cliente e o cliente dele”, opina.
Segundo ele, o resultado do ano passado em grande parte veio dos clientes da base, e, claro, da chegada de alguns novos. “Mas a nossa perda é super baixa, quase inexistente – o que suporta o crescimento. Mantemos nossos clientes e oferecemos cada vez mais soluções adequadas a eles”, diz Mies.
Na América Latina, os resultados também foram bons. A região foi responsável por uma receita líquida de 18.1 milhões de euros considerando o segundo semestre de 2018. Isso representa um aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para quem
A empresa busca atender clientes de todos os tamanhos em diversas regiões do mundo. De companhias que estão em um processo de crescimento extremamente acelerado, por exemplo, a uma empresa regional que esteja buscando se posicionar globalmente ou que esteja buscando se diferenciar da concorrência ao processar altos volumes de pagamento com eficiência.
“A gente oferece geração de valor durante o processo de pagamento atuando de ponta a ponta e cuidando de várias funções na cadeia tanto no mundo online com oo check out, por exemplo, até no mundo físico com adquirência”, explica Mies.
Ele acredita que, mantendo isso dentro de uma única plataforma, o passo a passo para pagamentos é muito mais ágil e prático e pode aumentar a probabilidade de mais vendas sejam concretizadas.
“Nós somos a única empresa do mundo que tem plataforma integrada, tanto a nível de funções que executamos quanto em presença em várias regiões. No mundo inteiro nossa plataforma é a mesma, tudo padronizado. Claro que acompanhamos o desenvolvimento e demanda de cada mercado com soluções para cada um mas temos a mesma cara para todos os clientes”, afirma o Mies.
Segundo ele, a Adyen remove barreiras no processo e pagamentos ao integrar várias soluções. “As chances de perda de dados é menor, muito menos burocracia e praticidade para o cliente. Nós temos um relatório que chamamos de data insights. Fazemos uma análise do perfil do cliente e compartilhamos com ele periodicamente para ajudá-lo a tomar decisões em relação a suas estratégias de vendas”, diz o executivo.
A Uber, por exemplo, é um dos maiores clientes da Adyen, e usa toda a plataforma. “O aplicativo que o usuário usa para chamar o carro roda com a nossa solução de pagamento. O cartão de crédito usa nossa tecnologia para capturar o pagamento. A segurança de dados criptografados também somos nós que cuidamos. Inclusive, somos nós que cuidamos para evitar fraudes no cartão. Fazemos tudo, a Uber recebe o dinheiro e a Adyen faz a liquidação do pagamento”, exemplifica. Ou seja, o cliente tem um contato único para lidar com todos os processos de pagamento no mundo inteiro.
O eBay abandonou o PayPal em fevereiro de 2018 para trabalhar com a Adyen. Entre outros clientes estão a Dafiti, Tiffany & Co., Groupon, Gap, LinkedIn.
A estratégia da Adyen de integração entre mundo físico e online se encaixa bem no modelo de negócios atual de várias empresas. É o caso da própria Magazine Luiza, cuja estratégia Omnichannel é vista como um grande trunfo no varejo nacional. Para uma varejista desta ordem, ter um sistema de pagamentos eficiente e alinhado com o seu método é crucial.
Brasil
Por aqui, a Adyen oferece as mesmas soluções que tem no restante do mundo, mas atende algumas demandas específicas de mercado, como parcelamento, antecipação de recebíveis e boleto bancário. “A gente se adequa a cada tipo e serviço. Eu acompanho e estou alinhado com a visão global da empresa, mas tenho um conhecimento local forte”, diz Mies.
Considerando que no Brasil o setor de pagamento é bastante concorrido, o executivo acredita a estratégia da empresa se dá em seu próprio serviço. “Nosso diferencial é nossa integração de processos. Então concorremos com as adquirentes, com outras processadoras de pagamentos, mas não temos o mesmo modelo de negócio”, diz.
A ideia da empresa é expandir cada vez mais a operação na América Latina e no Brasil. “Continuamos investindo. Nossa equipe aumentou 25% desde o IPO [abertura de capital] e estamos buscando mais pessoas para a região da América Latina”, afirmou.
A Adyen levantou 849 milhões de euros em seu IPO em junho do ano passado na bolsa de valores da Holanda. Nesta quinta-feira (28), os papéis da empresa sobem 1,21% cotados a 666,40 euros. No acumulado do ano, a empresa tem uma alta de 40,28%.
Fonte: Infomoney