A companhia de cosméticos L’Occitane despertou o interesse de grupos globais de private equity — Advent International, entre eles —, abrindo a possibilidade de uma proposta de aquisição. A empresa francesa tem valor de mercado de US$ 2,7 bilhões.
O interesse surge oito anos depois da L’Occitane, cujas raízes estão em Provença, no sul da França, listar suas ações em Hong Kong — a empresa, como outras marcas sofisticadas, decidiram voltar-se aos consumidores asiáticos.
O interesse da Advent, gestora de fundos especializada em comprar fatias de companhias, com braços em Boston e Londres, foi confirmado ontem por duas fontes a par de suas operações. O interesse da Advent poderá despertar o de concorrentes da área de capital de risco em busca de oportunidades.
No ano passado, por exemplo, a CVC recrutou o ex-executivo da L’Occitane Emmanuel Osti para tentar comprar a The Body Shop — não deu certo [The Body Shop foi comprada pela Natura].
Pessoas que acompanham a L’Occitane disseram que outros fundos também poderão considerar a possibilidade de fazer propostas pela companhia. “Alguns estão fazendo uma avaliação inicial”, disse uma das fontes.
Mas não estava claro ontem se existe um processo formal de venda, ou se o interesse da Advent levará a uma proposta formal, explicara as fontes. L’Occitane, Advent International e CVC não quiseram comentar.
Uma eventual venda da L’Occitane permitiria ao comprador ter acesso ao dinâmico mercado de cosméticos e produtos de cuidados com a pele, que está aquecido graças à expansão mundial da classe média e ao aumento de número de consumidores chineses que viajam pelo mundo. No ano passado, a L’Oréal vendeu a The Body Shop para a Natura, em um negócio avaliado em € 1 bilhão.
A L’Occitane fabrica e vende produtos de beleza e bem-estar que usam ingredientes naturais e orgânicos. O grupo foi fundado há mais de 40 anos por Olivier Baussan, que começou criando cosméticos a partir da flora de Provence, onde ele nasceu. Após comprar uma antiga fábrica de sabonetes em 1976, ele revitalizou a tradicional arte da fabricação de sabonetes à base de vegetais.
O atual presidente do conselho de administração e executivo-chefe da L’Occitane é o bilionário austríaco Reinold Geiger, que investiu pela primeira vez na companhia em 1994. Nas últimas duas décadas Geiger supervisionou a expansão da companhia, que hoje possui 1.555 lojas sob operação direta em 90 países, com mais de 8.500 funcionários, segundo o site da L’Occitane na internet.
Nesta semana, a L’Occitane anunciou um crescimento de 4,9%, para € 595,4 milhões, nas vendas dos seis meses encerrados em 30 de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado. O crescimento das vendas foi liderado pelos Estados Unidos, Hong Kong e China.
O grupo disse que o lucro operacional foi de € 5,8 milhões no período, uma queda de 57,8%. O lucro líquido recuou 47,9% para 5,6 milhões, em razão principalmente dos investimentos mais altos em propaganda e eventos de marketing. As ações da L’Occitane caíram 8% em Hong Kong na terça-feira, após o anúncio dos resultados. Elas acumulam uma valorização de 1,5% no ano.
O apetite das empresas de private equity por empresas de produtos de maquiagem e cuidados com a pele aumentou recentemente. A Nestlé contratou banqueiros para a possível venda de sua unidade de produtos de cuidados com a pele, avaliada entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões, o que deverá atrair alguns dos maiores nomes da área de private equity.
Fonte: Valor Econômico