Em menos de dois anos, as ações do Magazine Luiza saltaram de menos de R$ 10 para a faixa dos R$ 240. Mesmo em um cenário particularmente difícil para o varejo, com consumidores comprando menos por conta da queda da renda do trabalhador, a empresa conseguiu uma valorização de cerca de 550% nos seus papéis nos últimos doze meses, até o fechamento dos negócios na Bolsa nesta quarta-feira, 21. Uma das principais explicações para as mudanças é o investimento do presidente Frederico Trajano em e-commerce.
Antes de Trajano assumir a presidência da companhia, em janeiro de 2016, as ações encerraram o pregão de 14 de dezembro de 2015 valendo R$ 7,79, no menor patamar da história da companhia na Bolsa.
O ciclo de valorização só começou mesmo no início de 2016, com o novo presidente em atividade. No ano passado, as ações tiveram alta de 412,02%, saindo de R$ 17,65 para R$ 90,37. Este ano, a valorização acumulada já alcançou 130,28%.
A virada nas ações do Magazine Luiza veio com o investimento nas vendas virtuais. Segundo Leandro Martins, analista da corretora Nova Futura, a empresa apostou no digital antes de seus concorrentes e com mais foco, investindo em novos canais de venda por aplicativos e na adaptação dos vendedores das lojas físicas, que também usam aplicativos para agilizar o atendimento.
A estratégia de market place, que consiste em grandes lojas abrirem seus sites para comercializar produtos de parceiros, também foi um diferencial, pois a empresa foi pioneira na aposta, segundo Martins. Outros grandes e-commerces brasileiros, como a Nova Pontocom, dona dos sites Extra, Ponto Frio e Casas Bahia, e a B2W, dona das marcas Americanas.com, Submarino e Shoptime, também já embarcaram na tendência. No exterior, a Amazon é o principal expoente dessa estratégia.
Analistas da Guide Investimentos também apontam o e-commerce como o grande responsável não só pelo bom desempenho das ações, como para os bons resultados nos balanços. No primeiro trimestre, o lucro líquido da empresa foi de R$ 58,6 milhões, 11 vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2016. E a tendência, segundo a Guide, é que as ações continuem se valorizando à medida que o varejo se recupera.
“Muitas corretoras estão com receio de recomendar compra por causa desse avanço que ela teve no último ano. Mas olhando pra frente, as perspectivas ainda são bem positivas. O próprio setor do está começando a ter uma recuperação num ritmo um pouco mais forte e o Magazine Luiza vai acompanhar isso”, afirmou um dos analistas ouvido pelo Estado.
Mudança de planos. Na manhã desta quinta-feira, 22, a empresa desistiu de fazer uma oferta subsequente de ações na Bolsa, o chamado “follow on”. Em comunicado ao mercado, a varejista informa que suspendeu os estudos, “tendo desengajado os respectivos assessores”. Conforme antecipou a Coluna do Broadcast no mês passado, analistas estimavam que a operação poderia levantar R$ 1 bilhão no mercado de ações brasileiro.
Em 10 de maio, a empresa oficializou a intenção de realizar a oferta, mas informou que não havia “qualquer definição” quanto à estrutura ou o volume da operação.
Fonte: Estadão