Livo busca consumidores de alto poder aquisitivo com produtos fabricados manualmente e pensados como acessórios de moda, mas acessíveis
Por Matheus Doliveira
Não é preciso ser fashionista para perceber que um par de óculos faz toda a diferença para compor um visual. Consumidores mais novos não buscam somente um grau bem ajustado. Na verdade, eles querem acessórios de moda. O preço, no entanto, pode ser empecilho: modelos da Gucci e Prada podem custar milhares de reais. Tentando resolver essa equação, nasceu a Livo, ótica brasileira fundada em 2012 que fabrica óculos feitos à mão com custo mais acessível.
Para dar conta do recado, a marca está buscando um aporte de 12 milhões de reais. O objetivo é usar o dinheiro para duplicar o número de lojas, de dez para 20 até o fim do ano, e investir na experiência online.
Entre os óculos de grau e os escuros, a Livo só comercializa modelos próprios. Hoje, o portfólio conta com 180 designs diferenciados e antenados na moda eyewear. Com a pandemia, a marca passou a olhar com mais carinho para o e-commerce. “A maioria das pessoas não sabe que é possível comprar óculos de grau sem sair de casa”, diz Caco Bartsch, CEO.
A compra pela internet leva minutos. O cliente só precisa escolher um modelo de armação e de lente, enviar uma foto do rosto e da receita médica. O prazo para receber o produto em casa ou retirar em uma loja é de até sete dias úteis.
Na Livo, cada óculos produzido passa por pelo menos 40 etapas antes de chegar à mão do cliente. Hoje, 90% da produção fica na China e 10% no Brasil. O processo manual inclui montagem, polimento, recortes e encaixe das lentes.
O tíquete médio dos óculos é 600 reais. O valor inclui lentes e armação, que é feita de acetato, um velho conhecido das grifes de óculos. “A Livo é uma marca jovem, antenada na moda e pronta para atender os millennials” diz Bartsch. Em 2020, a marca faturou 10 milhões de reais.
No online, a venda dos óculos de grau quadruplicou, enquanto os pedidos de modelos solares triplicaram. “O preço de um Livo fica entre um Chilli Beans e um Ray Ban, algo raro para um produto de altíssima qualidade”, diz Bartsch.
O desafio da Livo é ganhar capilaridade em um mercado superfragmentado de 26.000 óticas. O segmento é liderado pela Óticas Carol, Óticas Diniz e Chilli Beans, que juntas possuem mais de 3.000 franquias.
Para atingir o objetivo de dobrar o faturamento a 20 milhões de reais em 2021, Ronaldo Pereira, ex-CEO das Óticas Carol, que é considerado o “Pelé das óticas” pela Livo, foi contratado como conselheiro. “Por um lado, a Livo tem a vantagem de trabalhar com uma única marca, o que imprime identidade aos óculos. Por outro, o perfil mais descolado privilegia um atendimento mais humano e menos médico”, diz.
Outra meta da Livo é equilibrar a balança entre o online e o digital, que hoje corresponde a 25% das vendas. “O consumidor de óculos ainda acha importante poder ir à loja física, mas também gosta da facilidade do e-commerce”, diz Bartsch.
Nesse sentido, bons exemplos não faltam. A Zerezes, ótica fundada pelos designers Hugo Galindo, Luiz Eduardo Rocha e Henrique Meyrelles em 2012, conseguiu passar quase metade de suas vendas para o online durante a pandemia. Se no passado as lojas físicas representavam 85% do faturamento, hoje elas dão conta de 65%, e os 45% restantes vêm do e-commerce. Um equilíbrio híbrido.
Fonte: Exame