Por Cibelle Bouças | A Livraria Leitura, com sede em Belo Horizonte, cresceu 19% de janeiro a abril deste ano, bem acima da média do setor, e planeja abrir seis a sete lojas em 2023, aproveitando o momento de acomodação do mercado de livrarias, devido ao espaço deixado por algumas das grandes marcas em crise.
Marcus Teles, sócio e presidente da Livraria Leitura, disse que as vendas até meados de abril cresciam 19% em valor em comparação com o mesmo período do ano passado. Considerando apenas lojas abertas há mais de 12 meses, houve aumento de 14%.
O preço médio do livro vendido, segundo o executivo, passou de R$ 40 no ano passado para R$ 48 neste ano. A Leitura é a maior livraria do país em receita, seguida por Livrarias Curitiba e Livraria Nobel.
Dados mais recentes da Nielsen Bookscan Brasil, que apura as vendas das principais livrarias e supermercados no país, mostraram incremento de 1,37% nas vendas do setor, para R$ 670,3 milhões. Em volume, houve retração de 4,55%, para 12,9 milhões de livros.
Para 2023, a Livraria Leitura prevê um crescimento de 15% em receita. Teles não revela valores, mas de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a Leitura teve uma receita de R$ 400 milhões em 2021. No ano passado, foram R$ 524 milhões. Considerando o crescimento de 31% da companhia em 2022 e a alta de 15% prevista agora, a receita deste ano deve chegar a cerca de R$ 600 milhões. Em volume de vendas, Teles prevê alcançar 10 milhões de exemplares neste ano, ante 9 milhões em 2022. A venda de livros representa em torno de 60% do faturamento da Leitura.
Em relação às categorias de livros, o setor tem sofrido o impacto negativo da queda nas vendas de livros didáticos, devido à adoção crescente de sistemas de ensino por escolas privadas. Ao adotarem esses sistemas de ensino, as escolas adquirem todos os livros de uma mesma editora de forma direta, sem passar pelas livrarias.
A perda na área de livros didáticos é compensada em parte pela demanda aquecida por livros para o público juvenil, livros relacionados a séries e filmes.
“As lojas virtuais perderam vendas e houve uma recuperação de vendas nas lojas físicas”, acrescentou Teles. Ele observou que a Leitura tem crescido atendendo também a uma demanda que antes era suprida por outras redes que entraram em crise financeira, como Saraiva e Cultura.
Algumas redes regionais também têm crescido, ocupando espaço deixado por grandes redes em crise. A Livraria Santos, do Rio Grande do Sul, dona de 15 lojas, abriu duas unidades nos últimos seis meses. A Livraria da Vila saltou de 10 lojas para 18 no último ano. A Livraria da Travessa, que tem 11 lojas e uma em Lisboa, prevê abrir mais duas unidades neste ano.
A Livraria Leitura prevê abrir seis a sete lojas em 2023 e fechar uma unidade. Atualmente, a companhia opera com 99 lojas. A Leitura fecha uma unidade no Anchieta Garden Shopping, em Belo Horizonte, neste mês. Em junho, abre duas lojas, uma no Plaza Sul Shopping, em São Paulo, e outra no Sorocaba Shopping, em Sorocaba (SP). “A nossa empresa não mantém loja deficitária aberta por mais de dois anos. E também não faz expansão se endividando. Esses fatores contribuem para o nosso crescimento sustentável”, disse Teles.
A companhia tem mais quatro aberturas de lojas previstas para o segundo semestre. Uma será em São Paulo e outra em Natal (RN). As outras duas lojas ainda estão em fase de negociação, segundo Teles.
Para 2024, a companhia planeja abrir dez unidades, sendo duas ou três megalojas. Em São Paulo, a Leitura pretende abrir uma megaloja no ano que vem. A Leitura tem em torno de 30 lojas com mil metros quadrados ou mais, a maioria em Minas Gerais. Teles observou que o Brasil chegou a ter mais de 100 megalojas de livrarias, hoje são 54.
“Entendo que as megalivrarias não vão desaparecer totalmente. Haverá uma diminuição no tamanho das lojas. Não haverá mais megalivrarias de 4 mil metros quadrados, mas haverá unidades de mil a 2 mil metros quadrados”, disse Teles. O executivo também considera que uma capital do porte de São Paulo comporta de quatro a cinco megalojas em operação. Por isso, a companhia pretende abrir uma unidade do tipo na capital paulista no ano que vem.
O grupo também é dono da Leitura Distribuidora de Livros, o atacado de papelaria PLM, quatro lojas de departamentos D+ Casa e Presentes e a loja virtual leitura.com. Fundada em 1967 por Emídio Teles, irmão de Marcus, a Leitura é controlada pelos irmãos Marcus, Emídio, Belmiro e Gervásio e três sobrinhos.
Fonte: Valor Econômico