Caito Maia conta como o investimento no digital ajudou a empresa a continuar crescendo, mesmo com 917 lojas fechadas durante a pandemia
Por Paula Mello
“O que seria executado em anos precisou ser foi feito em alguns meses e trouxe resultados impressionantes”, comenta Caito Maia, fundador da Chilli Beans, sobre a aceleração da estratégia digital da marca, a maior de óculos escuros da América Latina, que ajudou a mantê-la avançando mesmo em meio à crise causada pela pandemia.
Com forte presença no varejo físico, em 2020 a Chilli Beans se viu obrigada a fechar as portas de 917 lojas devido às medidas de quarentena e isolamento social. A solução, então, foi apostar em melhorias e inovações no online e redes sociais, além de ações de marketing para o segmento. Ao todo, o empresário conta que investiu cerca de 4 milhões no digital, que levaram a um crescimento em vendas online de 600% quando as lojas estavam fechadas e faturamento de 32 milhões no segmento em 2020. “Depois das lojas abertas, passamos a crescer uma média de 140%, enquanto as lojas físicas cresceram 10%”, diz Caito, que fundou a Chilli Beans há 23 anos. Em 2021, a marca seguiu avançando, com faturamento online de R$ 29 milhões no primeiro semestre e previsão de fechar o ano com 52 milhões.
Segundo o empresário, o primeiro passo foi uma melhoria estética e de usabilidade que mudou a interface e experiência de compra. “Desde 2017, a Chilli Beans permite que cada um dos franquiados crie e administrem as suas próprias páginas nas redes sociais – são mais de 800 oficiais somente no Instagram. Com isso, passamos a criar uma loja virtual completa na rede social para que cada franquia pudesse vender online diretamente do seu estoque, com fotos profissionais e patrocínio nas publicações”, afirma. “Além disso, cada um desses perfis está conectado ao e-commerce da marca, que vai redirecionar os pedidos recebidos na central para a loja mais próxima do cliente, agilizando o processo de entrega.”
MARKETING DE CONTEÚDO
Foi parte da estratégia agregar conteúdos aos produtos no site. “Incorporamos vídeos que contam as histórias e inspirações por trás dos óculos, gerando maior interesse do público.” A implementação de novas ferramentas inovadoras também ajudaram nas vendas. “Como o provador virtual 3D de óculos, em que os clientes podem experimentar online os produtos por meio de um simulador que funciona via câmera do celular ou computador. Os óculos anunciados com essas duas ferramentas vendem 40% mais.”
Se aproximar ainda mais dos influencers, pensando em nomes de acordo com cada rede social e produto, também fez parte dos planos de marketing digital da marca. Ele cita como exemplo influenciadores “nerds” falando de produtos licenciados do pilar geek no site. “Também acreditamos muito no poder da micro influência e o trabalho com perfis regionais tem permitido trazer capilaridade para a comunicação e gerado bons frutos.” Para além do Instagram, Caito diz que a Chilli Beans apostou em outros canais, incluindo Youtube, Twitter e TikTok.
DE OLHO EM UM NOVO SEGMENTO
Enxergar a demanda dos consumidores dentro do contexto que estavam vivendo foi muito importante. “Se antes da pandemia a Chilli Beans era conhecida no mercado brasileiro apenas pelo óculos de sol, passamos a entrar com força no segmento de óculos de grau, percebendo a demanda do nosso cliente por um produto que virou item de necessidade básica”, diz Caito, acrescendo que foram abertas mais 40 óticas de óculos de prescrição da Chilli Beans desde março de 2021, que são inspiradas em barbearias cubanas da década de 1920.
Com tino afiado para negócios, Caito diz que o principal aprendizado que teve para os negócios em meio à pandemia foi fortalecimento do omnichannel. “É primordial hoje dar a liberdade para que o cliente escolha onde quer comprar, criando diálogo entre os canais físicos e digitais”, ressalta. A marca segue expandindo também no físico: além das óticas, já foram abertas mais 61 lojas vermelhas (que são as clássicas da marca focadas em óculos de sol) desde março, que tiveram faturamento de R$ 302 milhões no primeiro semestre.
Questionado sobre a lição que daria para quem está empreendendo na moda, ele responde sobre o poder de adaptação e resiliência. “É preciso estar muito atento, de olhos bem abertos, para as mudanças no perfil de consumo que aconteceram nesses últimos tempos e que vão continuar reverberando mesmo em um mundo pós-pandemia.”
Fonte: Vogue