O McDonald’s atingiu em 2015 o menor número de aberturas de restaurantes no Brasil desde 2011, quando sua operadora no país, a Arcos Dorados, fez sua oferta pública inicial de ações em Nova York. Há um plano para recuperar a velocidade de expansão em 2016. Foram 17 inaugurações no ano passado, menos de um terço do registrado em 2014 e só 20% do total de aberturas de 2013.
O comando anunciou a intenção de que 65% das inaugurações da rede na América Latina em 2016 ocorram no Brasil. Com base nas metas para o triênio de 2014 a 2016, esses 65% equivalem, pelo menos, a cerca de 30 unidades.
As 17 aberturas trouxeram US$ 12 milhões em vendas em 2015 e as 54 inaugurações de 2014, US$ 23,5 milhões – ou seja, as de 2015 venderam mais por unidade, em valor médio.
A empresa ainda informou ontem que contratou no Brasil a consultoria Jones Lang LaSalle para trabalhar na venda de ativos considerados não prioritários no país – isso poderia envolver escritórios e centros de distribuição, segundo fontes. Considerando que esse plano foi anunciado há mais de seis meses, e nada mais foi informado, é possível que, até agora o programa não tenha avançado no país.
Em setembro passado, a companhia já havia detalhado o projeto de se desfazer de negócios em alguns países, como Brasil e México (onde lojas já foram vendidas), na tentativa de reduzir alavancagem. Dados do balanço publicado ontem mostram redução entre dívida líquida e posição de caixa do grupo de 2,6 vezes ao fim de 2014 para 2,4 no último trimestre de 2015.
A companhia enfrenta um processo de reestruturação, com venda de imóveis em países da América Latina e cortes de custos para reduzir despesas operacionais. “Continuamos no caminho para atingir nossos objetivos até o fim de 2017 […] Esses planos incluem o refranchising [venda de lojas próprias para franqueados]”, disse ontem em teleconferência Sérgio Alonso, presidente da Arcos Dorados. O plano é vender US$ 250 milhões em ativos na América Latina até o fim de 2017.
Pelos dados publicados, a Arcos Dorados apurou alta de 7,6% nas vendas orgânicas (em moeda local) de outubro a dezembro, menor taxa para o período desde a abertura de capital em 2011. No mesmo período de 2015, as vendas subiram 9,4%, e em 2013, 9,5%.
As vendas “mesmas lojas” no país subiram 4,5% de outubro a dezembro, versus 5,2% em mesmo intervalo de 2014 e 2,2% em 2013. Na subsidiária local, há melhora nos indicadores relativos ao lucro operacional e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês), e neste último caso, por causa de ganhos com a recuperação de créditos de PIS e Cofins de anos passados. Entrou no balanço uma nova receita na soma de quase US$ 33 milhões (R$ 132 milhões), na linha de “outras receitas operacionais”. O lucro operacional subiu 50% em reais e o Ebitda, 42%.
Segundo a rede, a recessão econômica tem reduzido o número de clientes nos restaurantes, e houve aumento no valor do tíquete médio no país, em linha com a inflação, (logo, sem ganho real) de outubro a dezembro. Essa elevação compensou queda de um “dígito médio” no tráfego de clientes.
Além disso, ainda ontem, o diretor financeiro José Alcantara, disse que há um vencimento de dívida no Brasil, neste ano, em mais de US$ 200 milhões, e em relação a isso, a empresa está finalizando a documentação de uma operação de empréstimo com bancos, de cerca de US$ 170 milhões (dívida será em reais) para um período de quatro anos.