Marcas estrangeiras de varejo que aportaram no Brasil há poucos anos, como bareMinerals, estão fechando suas lojas; outras, que procuravam parceiros para abrir unidades aqui, como Aéropostale e Sears, estão revendo seus planos.
O dólar alto e a instabilidade econômica e política do país seriam os motivos desse movimento, dizem especialistas. No fim de janeiro, a marca americana de maquiagem bareMinerals informou que encerraria a distribuição de seus produtos no Brasil. A marca, que chegou a ter lojas próprias e parceiros comerciais como a Sephora, será vendida apenas em free shops. Em nota, a empresa informou que a decisão foi tomada “após avaliação estratégica de negócio global a longo prazo”.
No ano passado, a grife de moda americana Kate Spade também anunciou o fim de suas operações diretas, fechando lojas e passando a vender produtos apenas por meio de distribuidores.
Moda sofre com dólar
Esse movimento é contrário ao que foi registrado há poucos anos, quando muitas marcas estrangeiras estavam vindo ao Brasil pela primeira vez. “Todo mundo que está lá fora olha o Brasil como um grande mercado. Mas, a partir do momento em que começou a crise econômica e o dólar disparou, quem trabalha com importação de produtos, como a área de moda, começou a ter muitas dificuldades para competir aqui dentro”, afirma Paulo César Mauro, diretor da Global Franchise.
A consultoria faz a intermediação entre empresas estrangeiras e potenciais parceiros brasileiros. Segundo ele, o desinteresse dos varejistas pelo país começou em 2014 e, hoje, é quase total. Mauro afirma que, entre as marcas que estudaram o mercado brasileiro, estavam as americanas Aéropostale (moda jovem) e Bebe (moda feminina).
“Mesmo sabendo das dificuldades e das barreiras alfandegárias, elas ainda tinham interesse no Brasil enquanto a economia estava crescendo e não havia esse risco político, econômico e estrutural”, diz. A Sears, empresa americana que já teve grandes magazines no Brasil e foi embora no começo dos anos 90, ensaiou seu retorno várias vezes nos últimos anos, mas nada foi concretizado. “Agora, só estão negociando para vir ao Brasil as empresas que não vendem produtos, e sim know how”, afirma Mauro. Ele cita como exemplo franquias da área educacional.