02/12/2015 às 05h00
Por Angela Klinke
A estrela do axé Bell Marques saiu com duas sacolas da Hermès e clientes se acumulavam na loja da Gucci para aproveitar a Black Friday, mas a atração na última sexta no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, era o tapume com vitrines virtuais do Gallerist.
O “ecommerce” de moda que tem 130 marcas, uma base de 100 mil clientes ativos e tíquete médio de R$ 750 vai abrir sua primeira loja física para operar “de verdade” no modelo “omnichannel”. E disponibilizou monitores para que os consumidores navegassem por sua loja virtual até a abertura, em 15 de dezembro.
“A loja não vai funcionar como um showroom. Tudo nela vai estar à venda, inclusive a decoração. Teremos monitores para que a cliente possa comprar pelo site se preferir. Ela também vai poder provar um item que está em dúvida ou pegar lá o que comprou de casa, além de fazer trocas ou reparos”, explica Carol Cassou, a sócia que cuida da administração do Gallerist. Tal como no site, o “mix” vai estar em constante “mutação”. “Não temos coleção inteira de nenhuma marca, mas peças selecionadas. Então, o tempo todo a consumidora vai encontrar itens diferentes”, explica a sócia caçula, Amanda Cassou.
O Gallerist é tocado por quatro irmãs de Curitiba que, com estilos diferentes, conseguem fazer uma curadoria inspiradora. Fernanda, que é arquiteta, cuidou do projeto da loja. E Mariana, que chegou a fazer um curso de moda nos Estados Unidos, foi quem teve a ideia de abrir o negócio. Elas começaram há quatro anos com a proposta de apresentar marcas de designers brasileiros pouco conhecidas. “A Isolda, por exemplo, lançou suas duas primeiras coleções com a gente”, conta Carol. Na sequência, grifes consagradas procuraram as garotas para fazer parte do conceito que criaram.
O quarteto construiu um “e-commerce” com identidade e acabou por se tornar uma referência. “Desde o início criamos conteúdo para o site, mostramos estilos de vida diferentes. Nunca aceitamos que esse conteúdo fosse patrocinado”, explica Amanda.
Além do Shopping Cidade Jardim, o Gallerist também “foi convidado para abrir loja física pelos grupos BRMalls e Multiplan “. “Nossa intenção com a loja, neste primeiro momento, é melhorar a experiência com nosso público.
Há clientes que tinham insegurança de comprar peças virtualmente, sem poder experimentar, porque a modelagem brasileira não segue um padrão.
Estávamos atendendo essas consumidoras no nosso escritório, sem a estrutura adequada”, conta Carol. Ao mesmo tempo, as meninas querem diminuir o percentual de troca, que está em 8%.
O “e-commerce” tem uma taxa de recompra de 46% e prevê um crescimento de 30% no faturamento neste ano. “Antes de abrir novas lojas, queremos atender outros países para vender designers brasileiros no exterior. Temos muitos pedidos de entrega em Angola, Portugal e Inglaterra. Também pretendemos lançar nossa marca própria”, conta Carol.
Enquanto o Gallerist ganhou corpo junto ao público classe A, quer integrar o varejo virtual ao físico e até lançar marca própria, a rede Passarela já fez quase tudo isso. Só falta falar com o topo da pirâmide. Começou com lojas de sapatos em Jundiaí (SP), 40 unidades pelo interior do Estado e um “e-commerce” de “fast-fashion” destinado aos públicos B, C e D com 500 mil acessos diários. “Fomos pioneiros no país em colocar monitores do ‘e-commerce’ em nossaslojas há dois anos. Acho queé porque começamos com loja de rua, então sabemos como tratar bem o consumidor. Atendimento é tudo”, diz Vanoil Pereira, o fundador da rede.
Agora a empresa acaba de fazer uma parceria com a butique virtual “premium” Ecloset para “agregar valor às suas marcas”. “Temos 500 marcas no ‘ecommerce’, sendo 20 próprias. Nosso objetivo com a parceria é a comunicação, a relevância, é trazer mais conceito porque o volume nós já temos. Nosso faturamento deve ficar em R$ 500 milhões neste ano.”
Quem entra no site da Passarela tem acesso ao Ecloset e viceversa. Mas até fevereiro a proposta é a integração de parte do acervo com a produção e a exibição de “looks” conjuntos. “Vamos mostrar o ‘hilo’ de verdade, como usar itens Cris Barros com acessórios da Passarela, por exemplo. Os clientes querem opções mais acessíveis e oportunidades, ainda mais com a crise. Vou poder apresentar soluções e combinações que atendem nossos públicos”, acredita Giovana Lemes Mattos, fundadora do Ecloset.
Será que marcas de posicionamentos tão distintos vão topar essa associação?
“Elas acreditam na minha curadoria e acho que todo mundo hoje quer falar com novos públicos e vender para mais gente”, avalia Giovana. Seu site tem hoje 30 mil clientes ativos e tíquete médio de R$ 600. Com a parceria ela espera aumentar a visitação em 40% e o número de pedidos em 20%. “A concorrência entre os ‘e-commerces’ está cada vez mais acirrada. É preciso matar um leão por dia e ser criativo para falar com o consumidor a todo instante e em todos os lugares.”
Blue Chip
Convido o leitor a acompanhar o blog Valor Blue Chip (www.valor.com.br/cultura/bluechip) e saber mais sobre tendências nas lojas virtuais.
angelaklinke@uol.com.br
Valor Econômico – SP