Para atender aos 70% da população que vive em cidades com menos de 500 mil habitantes, o Google lançou uma forma de pagamento inédita em sua história: o Recarga Google Play. A partir deste mês, os usuários poderão ir a um dos 300 mil estabelecimentos cadastrados (bancas de jornal, padarias, bares, mercearias, entre outros) e fazer uma recarga de créditos no Google Play, da mesma maneira que já estão acostumados a fazer para ter planos de voz e dados em seus celulares pré-pagos.
O lançamento é importante para o Google porque disponibiliza uma forma de comprar créditos do Play que tem a ver com o dia a dia dos brasileiros. Segundo a Anatel, os aparelhos pré-pagos representam 75,6% da base de celulares ativos no país. Como a rede de recarga usada pelo novo sistema é a mesma dos celulares, a companhia conseguiu aumentar sensivelmente seu alcance.
Para usar o novo sistema, os potenciais clientes terão somente que encontrar um estabelecimento identificado com o adesivo Recarga Google Play – a empresa distribuiu mais de 500 mil deles – e informar ao atendente o quanto gostariam de carregar na loja, respeitando o valor mínimo de R$ 15. O sistema gera um recibo com um código para o usuário fazer o resgate do valor no Google Play. Os créditos podem ser usados para comprar qualquer tipo de contéudo, como filmes, livros, revistas e até mesmo para assinar o serviço de streaming, que dá acesso a mais de 35 milhões de músicas, cobrando R$ 14,90 por mês.
“São 300 mil estabelecimentos hoje no novo serviço em todo o Brasil. Contamos com parceiros fortes em todo o País e alguns específicos na região Norte-Nordeste”, disse Cristiano Andrade, Gerente de parcerias de varejo do Google, responsável por coordenar a implantação do novo serviço.
Segundo Cristiano Andrade, há um trabalho grande de explicar para o lojista, distribuir o material de divulgação por todos os pontos que foram credenciados. Por isso, ele acredita que esse trabalho deve levar alguns meses para consolidar, mas que vai ser fundalmental para atrair novos consumidores que, hoje sem acesso a cartões de créditos ou mesmo contas bancárias, possam acessar o conteúdo do Google Play. “Acreditamos bastante que isso resolve ou elimina barreiras nesse momento”, afirmou Andrade.
O gerente do Google reforça que hoje, segundo pesquisas que a empresa teve acesso apenas 40% da população utiliza cartão de crédito e 70% a 80% usam aparelhos pré-pagos. “E vemos um público enorme que não tem acesso a meio de pagamento tradicional que é o cartão de crédito. Acreditamos que o nosso novo serviço vai ajudar o consumidor a entender (o serviço da empresa). Além de ajudar a uma grande parte de consumidores que não consome nada por não ter uma forma de pagar a se inserir neste mercado”, finalizou.
Vales-presentes
Não é exagero dizer que o Android se transformou no principal sistema móvel dos brasileiros. Desde que os smartphones se tornaram o sonho de consumo da classe média ascendente e experimentaram um boom de vendas iniciado em 2013, o robôzinho verde do Google se firmou como a opção predominante, impulsionado pela oferta de aparelhos que oferecem um hardware eficiente por um preço mais acessível, como o Moto G, da Motorola.
A explosão nas vendas de smartphones fez com que o Brasil se tornasse o segundo colocado em número de downloads de apps e games no Google Play, a loja virtual do Android, segundo a consultoria App Annie, ficando atrás somente dos Estados Unidos. O aumento na base instalada e o crescimento da loja virtual colocam para o Google o desafio de tornar o conteúdo pago da loja acessível para todos os usuários brasileiros, incluindo aqueles que não têm cartão de crédito.
Em novembro do passado, a empresa lançou vales-presente que, hoje, podem ser comprados em mais de 3.200 estabelecimentos e revertidos em créditos na loja virtual. Em menos de seis meses, os cartões do Google Play se tornaram os mais vendidos do país, de acordo com a Blackhawk, principal distribuídora de vales-presente, e ajudaram a mudar a forma como os brasileiros enxergam este tipo de pagamento. Entretanto, os vales-presente têm um alcance restrito aos grandes centros urbanos, onde estão instaladas a maioria das lojas das redes conveniadas
Esforço contínuo
Além dos vales-presente, a empresa fez um esforço extra para localizar a operação de pagamentos do Google Play, possibilitando que os usuários paguem em reais e com cartão de crédito local. Antes disso, os pagamentos podiam ser feitos somente com cartão de crédito internacional e os valores eram cobrados em dólar, portanto, estando sujeitos à variação cambial e a um imposto sobre transações internacionais de 6,38%, conhecido como IOF.
Além de incluir uma grande parcela da população que não tem acesso a cartão de crédito internacional – não há estatísticas oficiais, mas é consenso que o percentual é baixo – a mudança se transformou em uma vantagem competitiva em tempos de crise econômica com o dólar atingindo o valor recorde de R$ 4.
Diário do Nordeste on-line – CE