05/10/2015 às 05h00
Por Martha Funke | De São Paulo
Apesar de algum encolhimento na participação de pequenas e médias empresas em seus balanços, os bancos estão buscando construir ambientes atrativos para PMEs. O Santander, este ano, anunciou uma série de iniciativas voltadas ao segmento com faturamento de até R$ 80 milhões. A primeira foi o programa Negócios & Empresas, com disponibilização de R$ 15 bilhões em crédito.
Parte das ofertas não é financeira, como workshops e palestras de capacitação para dirigentes e funcionários, serviços de apoio à internacionalização e o programa que subsidia a contratação de um estagiário por empresa por até quatro meses - a meta é chegar ao fim do ano com 500 estagiários e somar 3 mil nos próximos três anos. “Desde maio, já promovemos 35 eventos e temos mais 50 planejados”, afirma o gerente de produtos, Paulo Dualibi.
O segmento ganhou diferenciais, como a linha Giro Bonificado, com prêmio por adimplência e opção atrelada à queda na taxa Selic, que eliminam parcelas do financiamento, e a linha de R$ 375 milhões para franquias com aval do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), por meio de parceria com Sebrae, que cobre até 80% do crédito da operação.
“Disponibilizamos até R$ 350 mil por empresa com faturamento de até R$ 3,6 milhões”, diz Dualibi.
Outra novidade é a linha de R$ 500 milhões em parceria com o Banco Europeu de Investimento, com taxas de juros anuais no mínimo 0,25 ponto percentual inferiores às da linha tradicional - neste caso, disponível para empresas com faturamento de até R$ 80 milhões.
As iniciativas devem incentivar as pequenas. De acordo com o relatório do mês de junho, o volume de crédito destinado ao segmento PME no Santander somou R$ 31,3 milhões no mês, com alta de 0,3% em doze meses, mas queda de 0,9% no segundo trimestre sobre o mesmo período do ano anterior.
No relatório do Bradesco, a carteira de crédito das MPMEs caiu 2,7%. Entre setembro de 2014 e junho de 2015 a participação do segmento baixou de 26,8% para 24,1% do total. No mesmo período, a inadimplência das pequenas empresas subiu de 4,4% para 4,9%.
“É um caso específico, por conta de crescimento de empresas e elevação para outro patamar”, afirma o diretor executivo do Bradesco, Altair Antônio de Souza. “Temos R$ 40 bilhões de limites pré-aprovados para micro e pequenas empresas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano”, afirma. Isso inclui linhas de capital de giro, antecipação de recebíveis e cartão de crédito corporativo, além de R$ 300 milhões colocados à disposição das franquias por meio da parceria com Sebrae e aval do Fampe. De acordo com Souza, este ano os financiamentos estão mais voltados às necessidades do dia a dia das empresas do que a investimentos e estão sendo puxados pelos setores do agronegócio e do turismo interno graças à alta do dólar.
O Banco do Brasil é outra instituição que oferece portfólio imenso para as pequenas, contando com oito agências especializadas no segmento, que devem superar 50 unidades até o fim de 2015. Os produtos são distribuídos nas linhas de capital de giro, antecipação de recebíveis, financiamento de investimentos e soluções de comércio exterior; Boa parte delas com apoio do Fundo de Garantia de Operações (FGO) para complementar em até 80% as garantias de operações de capital de giro ou financiamento contratadas pelas empresas com faturamento de até R$ 90 milhões, ou do Fampe, para aquelas empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões, descreve o diretor de micro e pequenas empresas, Ilton Schwaab.
Já o BNDES comemora o crescimento de 12,5% do Cartão BNDES no primeiro semestre deste ano. No ano passado, os desembolsos com o instrumento somaram R$ 11,5 bilhões, enquanto nos seis primeiros meses deste ano foram R$ 6 bilhões. O número de portadores cresceu 16% no ano passado e hoje soma 700 mil. “São 70 mil fornecedores credenciados, de farinha de trigo a avião”, relaciona o gerente Rodrigo Tomassini. Outro instrumento específico para empreendedores, o Criatec, está lançando sua terceira versão até o final do ano.
Até agora, foram 36 investidas na primeira fase, lançada em 2007 com R$ 100 milhões, das quais oito já desinvestidas. O Criatec 2, lançado em 2013 com R$ 186 milhões e mais cinco investidores, já selecionou outras 15 empresas. O Criatec 3 deve aportar R$ 200 milhões, com nove parceiros, dois deles da iniciativa privada. “Boa parte das empresas é selecionada em incubadoras de universidades”, diz o gerente da área de capital empreendedor do BNES, Filipe Borsato. Entre os resultados, o requerimento de mais de 30 patentes e mais de 800 produtos no portfolio das empresas, 160 deles lançados nos últimos seis meses.
Valor Econômico – SP