Por Raphael Pati | Presente no dia a dia dos consumidores brasileiros, os supermercados buscam alternativas para se reinventar e incorporar tecnologias e funcionalidades para otimizar a experiência do cliente, além de aumentar os lucros e priorizar a sustentabilidade. Experiências baseadas em inteligência artificial lançadas no exterior, ou até mesmo em território nacional, passam a fazer parte da rotina do varejo alimentar, que testa novas maneiras para fidelizar o cliente na era do e-commerce.
Baseado nas dificuldades causadas pelo tempo de espera em filas de supermercado, uma empresa voltada para soluções de segurança no varejo lançou, há dois anos, um sistema que permite que o cliente pague pelos produtos sem entrar em filas, por meio de uma máquina instalada no próprio carrinho, com cartões de crédito ou débito convencionais.
Projetada com cinco câmeras com inteligência artificial, a solução foi desenvolvida para atender a critérios de segurança, para evitar possíveis fraudes e roubos ao longo do processo. “É uma nova experiência de compra para o cliente, onde aquela mãe que não tem tempo de ficar com os filhos consegue fazer uma compra mais rápida, sem ter que passar pelo caixa”, afirma o CEO da Nextop, Juliano Camargo.
O carrinho inteligente é uma das inovações divulgadas na Abras 24′ Food Retail Future, um evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que reuniu mais de 1 mil representantes do setor de varejo alimentar e outros convidados em 16 e 17 de setembro, em Campinas (SP). O encontro, que chegou a 58ª edição, teve como tema Melhorando a vida do consumidor.
Outro desafio inevitável para os supermercados, diante das novas tendências relacionadas ao aumento das compras on-line, é a perda de clientes para o ambiente digital. Diante disso, programas de fidelização podem ser uma boa opção para manter o número de consumidores frequentes. Pensando nisso, o empresário Rodrigo Doria criou em 2016 uma startup que oferece um programa de pontos com sorteios semanais que busca solucionar três problemas: necessidade de receita, falta de troco nos caixas e ineficiências operacionais no varejo alimentar.
Presente em mais de 5 mil lojas e com 25 mil pontos de venda (PDV) habilitados, a Supertroco já tem mais de 7 milhões de clientes únicos em todo o Brasil. Para o CEO da empresa, Rodrigo Dória, a falta de moeda no mercado é um problema de longa data para o varejo, que atravessa um momento de transformação, com o crescimento de ferramentas do marketing e e-commerces, do digital, o que gera, naturalmente, um desafio de posicionamento para o varejo.
“E a gente vê, em todos os eventos que a gente participa, que existe muita experiência no varejo, então, um grande diferencial do físico versus o digital é que, no físico, você tem uma experiência mais completa”, complementa.
Avanço
O setor de supermercados no Brasil tem mostrado crescimento constante nos últimos anos. Em 2022, o faturamento total alcançou R$ 695,7 bilhões, representando 7,03% do PIB do país naquele ano. Além disso, o setor emprega diretamente e indiretamente cerca de 3,2 milhões de pessoas, com mais de 94.700 lojas em operação no Brasil, segundo dados da própria Abras.
Para o especialista e head de Varejo da BlueYonder — empresa especializada na transformação digital na cadeia de suprimentos — no Brasil, Marcelo Piccin, os consumidores querem ter uma experiência omnichannel, o que significa, de acordo com o termo em inglês, que esse público demanda uma presença mais estratégica da empresa nos canais de comunicação e venda.
Na era digital, a jornada do cliente se tornou ponto focal das indústrias e varejistas que buscam vantagem competitiva, com a personalização sendo a chave de sucesso, na avaliação de Eduardo Bonelli, diretor geral de Marketing e Vendas para Varejo da Ajinomoto — empresa japonesa que produz alimentos, óleos de cozinha e remédios — no Brasil.
Segundo Bonelli, algumas tendências relacionadas ao uso de IA já começam a ser vistas com mais frequência em supermercados, como os chatbots que trazem recomendações personalizadas, e tecnologias como machine learning, que podem ajudar os varejistas a melhorar a experiência de seus clientes por meio de personalização, eficiência na cadeia de suprimentos e no e-commerce que vem apresentando crescimento acelerado.
* O jornalista viajou a convite da Abras
Fonte: Correio Braziliense