Por Natalia Viri | Em meio à fusão com a Cobasi e um ambiente cada vez mais competitivo, a Petz está apostando num novo modelo de loja de ‘atacarejo’, de olho em aumentar sua presença nos consumidores de classe C.
“No modelo tradicional da Petz, buscamos muito o produto e experiência mais premium, par atender um cliente mais exigente. Acreditamos que tem uma fatia de mercado em atuamos pouco, que é para o consumidor apaixonado pelo animalzinho dele, que quer mimá-lo, mas tem uma limitação de renda”, afirma Rodrigo Cruz, vice-presidente de varejo e operações da Petz.
Inaugurando no segmento de pets um modelo que se consagrou no varejo alimentar brasileiro, a proposta é ter descontos mais agressivos, na casa de 25% a 40%, e um sortimento voltado para cães e gatos. Apesar do nome, os gatilhos de volume para desencadear descontos não devem ser elevados, se aproximando mais do atacarejo: em itens de sacaria, como rações, por exemplo, a compra do segundo pacote já deve ser suficiente para capturar preços menores, diz o executivo.
O foco será em categorias-chave, como alimentação farmácia, higiene e limpeza, e também com alguma oferta em acessórios com preços mais de entrada.
A unidade contará ainda com um outlet num formado ‘store-in-store’ com itens de marca própria da Petz ou de outros fabricantes fora de linha com descontos expressivos, acima dos 50%.
Uma diferença relevante em relação ao modelo de atacarejo alimentar será o sortimento, afirma. “Não queremos ter oferta de duas, três, quatro marcas em cada categoria. Queremos ter um sortimento amplo e competente, alavancando nossa posição como um dos líderes de mercado.”
A loja de mil metros quadrados, será inaugurada no próximo sábado (17) e ficará próxima a outra loja da Petz, que foi reformulada no fim do ano passado e passou a ocupar um espaço menor.
A nova marca não terá relação com a Petz – nem sequer na identidade visual – e, assim como no atacarejo alimentar será mais austera e sem oferta de serviços.
Num momento em que o mercado está preocupado com a rentabilidade do varejo pet – pressionada pela concorrência acirrada, especialmente com marketplaces –, Cruz afirma que é natural que o novo modelo tenha mais pressão de margem bruta.
Mas o volume mais elevado de compra e a estrutura de custos mais enxuta devem compensar esse efeito.
“É um projeto olhando escala e um novo mercado, que ainda não atendemos da forma que achamos que deveríamos”, diz Cruz, ressaltando que se trata de um projeto-piloto.
“Temos um time multidisciplinar olhando muito de perto sortimento, comportamento do consumidor, e o que pode ganhar terreno e ser replicado. Se percebemos que esse modelo não escala, seremos ágeis para voltar atrás”, destaca.
Dentro da fusão com a Cobasi – que ainda está em fase de due diligence – uma das grandes preocupações do mercado é a eventual canibalização de vendas de lojas das duas empresas que operam próximas, especialmente região da Grande São Paulo.
Nesse sentido, se prosperar, um novo formato, voltado a um público distinto, poderia ser, em tese, uma maneira de endereçar em parte a questão.
O diretor de negócios novos afirma que não há um mapeamento de lojas da Petz que eventualmente poderiam ser convertidas no novo formato. “Não chegamos nesse estágio ainda”, diz. A loja piloto tem mil metros quadrados, é um tanto maior que a média das unidades de Petz, mais próximas dos 700 a 800 metros quadrados.
Segundo o executivo, não há conversas com a Cobasi a respeito da estratégia. Ainda sem um acordo definitivo sobre a fusão, a operação ainda depende da assinatura final do contrato – prevista, de acordo com a companhia até meados de setembro –, além da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A expectativa da própria Petz é que a transação passe por rito ordinário, que pode levar entre seis e nove meses para aprovação.
Fonte: Exame