26/03/2015 05:00
Por Téo Takar e Suzi Katzumata
Depois de dois dias de baixas moderadas, a Bovespa ignorou a queda das bolsas americanas e a piora do cenário político doméstico e fechou em alta ontem, sustentada pelas ações da Petrobras, siderúrgicas e exportadoras. Operadores relataram forte fluxo de compras de investidores estrangeiros. O Ibovespa fechou em alta de 0,68%, aos 51.858 pontos, com bom volume, de R$ 7,431 bilhões. Dados da BM&FBovespa mostram que os estrangeiros compraram mais de R$ 2 bilhões em ações na bolsa brasileira em seis pregões, entre os dias 16 e 23. Apenas na segunda-feira (23), os estrangeiros aplicaram R$ 400,9 milhões.
Analistas lembram que o Ibovespa ajustado pelo dólar está na casa dos 16.500 pontos, cerca de 10% acima da mínima de 15 mil pontos registrada no dia 13, e muito próximo dos níveis de março de 2009 período póscrise financeira mundial , o que deixa o mercado local bastante atraente do ponto de vista do estrangeiro. Em reais, o Ibovespa alcançou ontem os 52.318 pontos (1,57%) na máxima do dia. Segundo o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, o índice voltou a sentir a importante resistência nos 52.500 pontos. “O mercado está testando de novo os vendidos [que apostam na baixa do mercado]. Se eles perderem força, vamos abrir uma porta para a alta importante”, afirma. Vencida a resistência, a próxima parada do índice deverá ser na casa dos 55 mil pontos, projeta o analista. Para baixo, o primeiro suporte gráfico está nos 50.700 pontos, cuja perda jogaria o Ibovespa de volta para os 48.700 pontos. Petrobras PN (4,79%) e ON (5,19%) puxaram os ganhos entre as ações de maior peso do índice.
O conselho de administração da Petrobras vai discutir hoje os balanços referentes ao terceiro e quarto trimestres de 2014. Os documentos, no entanto, dificilmente serão aprovados no encontro, segundo fonte próxima à estatal, conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. No mercado de dívida, os bônus da Petrobras com vencimento em 2024 também se valorizaram. Os títulos, os mais líquidos da estatal, eram negociados a 93,802% do valor de face no fim do dia, um ponto percentual acima dos preços da véspera. O rendimento estava em 7,2% ao ano. O analista Lauro Vilares, da Guide Investimentos, destacou que as ações da estatal também pegaram carona na forte alta do petróleo no mercado internacional.
Os contratos da commodity para maio avançaram 2,5% em Londres e 3,6% em Nova York. No exterior, a Grécia voltou a preocupar depois que o BCE recomendou aos bancos gregos que não elevem sua exposição à dívida soberana. Além disso, autoridades do ministério das Finanças da zona do euro chegaram ao entendimento que o país não tem direito legal ao socorro 1,2 bilhão do fundo de resgate do bloco. O índice paneuropeu Stoxx 600 caiu 1,13% e encerrou com 397,95 pontos. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones teve baixa de 1,62%, para 17.718 pontos. O S&P 500 recuou 1,46%, para 2.061 pontos. E o Nasdaq caiu 2,37%, a maior queda desde abril de 2014, para 4.876 pontos, pressionado pela forte vendas de ações de tecnologia e de biotecnologia. (Colaboraram Talita Moreira e Fernando Torres)
Valor Econômico – SP