Por Daniela Braun | A Lu, influenciadora virtual criada há 20 anos pelo Magazine Luiza, também passa por uma nova roupagem este ano, com ferramentas de IA generativa, tanto no visual quanto no “cérebro”. A receita gerada pela influenciadora do Magalu, hoje com 32 milhões de seguidores e marcas como Samsung, Coca-Cola e Lancôme, dobrou em 2023 ante 2022, segundo a varejista. O valor da receita não foi revelado.
As ações da influenciadora do Magalu com marcas, que têm produtos comercializados pela varejista, tiveram início em 2018, informa Pedro Alvim, diretor de mídias digitais e economia de criadores do Magalu. “É bem natural sermos acionados por marcas e parceiros, uma vez que a Lu construiu uma comunidade engajada com ela sem se restringir ao universo da marca”, afirma.
O suporte à influenciadora criada por computador não difere muito do trabalho feito com uma ‘influencer’ humana. Fora a equipe técnica de desenvolvimento do estilo e da programação da Lu, há um time dedicado de profissionais cuidando de sua agenda, conteúdos e da gestão dos contratos de inserções publicitárias, informa Alvim.
Por ser virtual, a influenciadora pode ser controlada para não entrar em polêmicas, mas exige um trabalho de curadoria que se baseia em constantes pesquisas com o público e define sua participação em temas regionais e sociais, como o combate à violência contra a mulher.
“Ter um personagem não significa ter um influenciador”, compara Alvim. “A ‘influencer’ é uma consequência de uma construção entre a pessoa e a comunidade, seja real ou virtual”, ele completa.
Se, de um lado, há segurança da marca sobre os conteúdos postados, a influenciadora virtual apresenta outros desafios. “É muito mais difícil construir um personagem autêntico virtual do que um humano”, reconhece Alvim. “Há um esforço maior para criar suas verdades, vulnerabilidades e até que ponto ela se posiciona, ou não.”
Na prática, a Lu pode anunciar uma marca de café ou protetor solar, mas não tem como dizer que provou o café ou testou o produto na pele, por exemplo”, brinca Alvim. “A saída é ela reconhecer que é virtual e brincar com a vulnerabilidade dizendo que não consegue sentir o cheiro do café, mas imagina que é delicioso, ou que não testou o protetor, mas recomenda o produto”, ele explica.
Uma das aplicações de IA generativa testadas pelo Magalu para sua ‘influencer’ é escalar a produção de conteúdo audiovisual. “Conseguimos reduzir custos com a modelagem de imagens, ampliando a presença simultânea da Lu em diferentes canais, seja no chat ou em vídeos no YouTube”, cita o executivo.
Outro caminho estudado pela varejista é internacionalizar a influenciadora com ferramentas de dublagem por IA, em diversos idiomas, além do português.
“A dublagem automatizada de conteúdo é um divisor de águas na cultura de criadores porque elimina a barreira linguística do influenciador. Imagine o potencial de alcance que a Lu pode ter”, sinaliza o diretor de mídias digitais do Magalu.
Para as marcas que estão criando seus influenciadores virtuais, Alvim alerta para outro lado da popularização da IA generativa, que deve ser monitorado. “A partir do momento em que a IA se torna democrática, traz riscos, como abrir caminhos para a criação de conteúdos falsos de um personagem”, ressalta. “Isso vai exigir das marcas um controle muito maior para combater e, eventualmente, desmentir conteúdos falsos.”
Fonte: Valor Econômico