Por Moacir Drska | Luciano Sessim era visto como um dos principais candidatos à sucessão de Sergio Zimerman na Petz quando aceitou o convite para ser o CEO da Loja do Mecânico. No e-commerce de ferramentas e máquinas, o cenário era semelhante ao que encontrou ao ingressar em sua antiga casa, oito anos antes.
Em 2015, a rede de pet shops preparava o seu “pulo do gato” após a Warburg Pincus se tornar sua principal acionista. Já na Loja do Mecânico, a eB Capital havia comprado o controle da operação em 2020 e buscava um nome com uma boa bagagem para levar a companhia a um novo patamar.
Nessa direção, desde que assumiu o posto, em janeiro de 2023, Sessim se concentrou em ajustar as engrenagens da empresa. E já tem traçado os próximos passos dessa expansão: ganhar terreno a partir de lojas físicas, em uma estratégia calibrada pela aceleração da pegada multicanal.
“Já temos uma fortaleza no e-commerce. Mas nosso mercado endereçável é muito grande e ainda estamos arranhando essa superfície”, diz Sessim, ao NeoFeed. “E, agora, nós entendemos claramente os gaps que precisamos cobrir para endereçar o nosso plano de dobrar a empresa em cinco anos.”
Alguns números dão a referência de onde a Loja do Mecânico está partindo e do caminho para tornar essa meta realidade. A companhia vai fechar o ano com um faturamento próximo de R$ 1,5 bilhão, alta de cerca de 6% sobre 2022.
Na outra ponta, a empresa enxerga um mercado de R$ 140 bilhões. Essa cifra inclui desde as compras feitas por indústrias e as viabilizadas por grandes distribuidoras até as vendas no varejo a mecânicos, marceneiros e outros prestadores de serviços e proprietários de pequenos negócios no setor.
É nesse último espaço, estimado em R$ 70 bilhões e onde já atua, que a Loja do Mecânico decidiu se concentrar, a partir de um estudo com a consultoria Bain & Company. Mas para ampliar sua fatia no segmento, a empresa entendeu que é preciso ir além do digital, que responde por 80% da sua receita.
“Hoje, a minha venda só cobre 30%, 40% desse segmento. O restante é atendido por lojas físicas”, diz Sessim. “Esse mercado é muito pulverizado e ainda está nas mãos de pequenas lojas. Nós precisamos estar mais próximos dos clientes e é nessa frente que vamos botar peso nos próximos cinco anos.”
Ele também vê similaridades com o mercado de oito anos atrás na Petz. Na época, apesar de bastante pulverizado, o segmento pet tinha players já de maior porte, como a Cobasi. Agora, essa concorrência encontra exemplos em nomes como DD Máquinas, Dutra e Ferragens Negrão.
Nessa disputa, a estratégia para avançar no varejo físico começou a ser colocada em prática há cerca de um ano. Atualmente, a Loja do Mecânico tem 18 unidades, sendo 17 no interior e na região metropolitana de São Paulo, além de uma loja em Belo Horizonte (MG).
Em cinco anos, a meta é chegar a base de, no mínimo, 70 unidades. Levando-se em conta o aporte, em média, de R$ 4,5 milhões por loja, o projeto vai demandar um investimento de aproximadamente R$ 315 milhões, que será financiado com o próprio caixa e por operações já contratadas junto a bancos.
“Temos a vantagem, pelo digital, de saber exatamente os CEPs de onde vêm as minhas vendas e vamos priorizar, inicialmente, essas praças”, afirma Sessim. “Nos primeiros dois anos, vamos fechar as regiões Sul e Sudeste. Depois, vamos para o Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste.”
A rede também vai acelerar a abordagem multicanal, algo que não estava incluído no início do projeto. Isso envolve modalidades como pick-up store e ship from store, com as unidades operando como mini-hubs de distribuição. Hoje, 30% do faturamento das lojas já vem do omnichannel.
Fonte: Neofeed