Por Bruna Klingspiegel e Natália Flach | Em meio à sofisticação da rua Oscar Freire, conhecida por suas vitrines luxuosas e restaurantes requintados na cidade de São Paulo, a Anacapri, marca do grupo Arezzo &Co, inaugura sua primeira loja conceito nesta quinta-feira (23). As sapatilhas e bolsas, com preço médio de R$ 199, diferem dos padrões de consumo da renomada via, com seus frequentadores endinheirados.
Com investimento de R$ 10 milhões, a imponente “flagship” ocupará um imóvel de quatro andares, incluindo o novo centro de distribuição no subsolo, abrangendo uma área de 1.600 metros quadrados. Está localizada em frente à Havaianas, marca que trilhou um caminho semelhante anos atrás, ao adotar um posicionamento voltado ao consumidor de classe alta, mas sem abrir mão dos demais estratos da sociedade.
O aporte da Anacapri na megaloja, portanto, sinaliza uma nova fase e o início de uma expansão significativa da dona do maior crescimento do grupo Arezzo &Co, no terceiro trimestre. Atualmente, a marca possui 233 franquias e duas lojas próprias (contando com a nova loja-conceito).
Apesar de não revelar projeções, Luciana Wodzik, diretora-executiva das marcas Arezzo, Anacapri, Fiever e Alme, diz que há bastante espaço para crescer “se comparar esse total com as 439 unidades da Arezzo”.
De julho a setembro, o grupo Arezzo &Co teve receita de R$ 1,265 bilhão, alta de 11,2%. Já a Anacapri deu um salto de 23,9% no faturamento, totalizando R$ 120 milhões.
Esse crescimento ajuda a explicar a aposta na marca, mesmo em um momento de incertezas para o varejo. A varejista de moda Riachuelo fez o caminho inverso e encerrou em maio as atividades de sua loja de 1.200 metros quadrados na mesma Oscar Freire, após 12 anos no local.
Consumo de calçados
Mas, pouco a pouco, a demanda por calçados tem dado sinais de retomada. De acordo com dados da associação do setor, a Abicalçados, o consumo aparente (produção doméstica e importações) cresceu 1,9%, atingindo 550,9 milhões de calçados.
É nessa conjuntura que o grupo Arezzo decidiu investir na Anacapri. “A megaloja vem para facilitar a vida das brasileiras, com um conceito que permite resolver tudo em um mesmo espaço”, afirma Wodzik, de olho nas 20 mil pessoas que circulam pela rua Oscar Freire por dia.
O espaço, cujo layout e arquitetura foram concebidos por Bel Lobo, não se limita a uma loja tradicional: a ideia é oferecer aos clientes uma experiência que se assemelha à de um shopping center, com uma abordagem multifuncional.
É que, além dos produtos tradicionais da marca, a Estação Anacapri — nome em referência à estação de metrô que fica próxima ao local — também terá lojas para vender acessórios e cosméticos e um café. Entre os parceiros, estão a The Coffee, Creamy + Skelt, Piuka e a Esmalteria Nacional.
“É uma evolução do varejo”, afirma a executiva. Essa abordagem abre, inclusive, uma nova fonte de renda para a marca, que cobrará pelo aluguel do espaço.
O prédio também vai abrigar o novo centro de distribuição da Anacapri voltado ao consumidor final — o galpão logístico de Vitória (ES) vai continuar atendendo aos revendedores.
Além disso, o imóvel terá um andar destinado à realização de eventos, tanto da empresa quanto de parceiros, assim como um espaço voltado para a apresentação de novas coleções aos revendedores. O escritório da Anacapri ficará no último andar.
A megaloja, que terá horário de funcionamento estendido, das 8h às 20h, também servirá como um local de testes para novos produtos e conceitos. “O espaço será um laboratório para inovações no varejo”, diz Wodzik.
Fonte: Valor Econômico