Por Marina Falcão | A rede de restaurantes Coco Bambu, controlada pelo empresário cearense Afrânio Barreira, deve atingir faturamento de R$ 2 bilhões até dezembro, aumento de 25% em relação a 2022, quando a receita ficou em R$ 1,6 bilhão. O grupo, especializado em frutos do mar, está investindo este ano R$ 100 milhões em oito novas unidades – sendo somente numa delas, no Recife, R$ 45 milhões.
É o maior aporte em um única loja já realizado pelo grupo, que deve chegar a dezembro com 75 unidades. Conhecido por ser defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Barreira diz que está otimista com os rumos da economia.
“Eu acho que as coisas tendem a ficar melhor. Nisso que estou apostando, é nisso que acredito. Afinal, o empreendedor é um otimista, está no DNA”, disse, em entrevista ao Valor.
Sem mencionar diretamente o governo do presidente Lula (PT), Barreira afirma que não toma decisões de investimento conforme o cenário macro. “Olho internamente. Tenho recursos? Está dando retorno?”, questionou ele, dando a entender que isso é o que norteia as expansões.
Investigações da PF
Ao lado de Luciano Hang, dono da rede Havan, Barreira foi alvo de uma operação da PF que investigou a atuação de um grupo de Whatsapp onde empresários estariam supostamente defendendo um golpe de Estado caso o PT vencesse as eleições, em agosto de 2022. A investigação contra Barreira foi arquivada – contra Hang, permanece.
Mesmo em 2020, ano auge da pandemia, o Coco Bambu abriu 7 lojas. Segundo Barreira, a empresa conseguiu reverter boa parte das vendas para o serviço de “delivery” enquanto os restaurantes precisaram ficar fechados. No ano seguinte, foram mais 15 novas lojas inauguradas e, em 2022, outras 15. Cada uma delas tem investimento que vai de R$ 8 milhões a R$ 12 milhões.
Este ano, o investimento global está sendo menor – são oito unidades sendo inauguradas – por questões como atraso de entrega de áreas em shopping centers. A nova unidade na região central do Recife foi um ponto fora da curva em termos de volume de recursos aplicados — R$ 45 milhões.
Isso porque o empresário, por meio da sua holding, comprou o imóvel que pertencia ao grupo pernambucano Spettus, especializado em rodízio de carnes, para instalar uma nova unidade da CocoBambu.
O prédio, localizado no bairro Derby, está sendo reformado para abrigar o restaurante, uma área para eventos, um bar e uma adega – serão seis andares. Segundo Barreira, o restaurante do Recife será inaugurado no fim de outubro com capacidade para 450 pessoas inicialmente, com possibilidade de ser ampliada para 600.
“Já tínhamos uma operação bem sucedida no Recife em shopping, e surgiu a oportunidade de comprar o imóvel para uma nova unidade”, afirma.
Em geral, o grupo Coco Bambu aluga os espaços para seus restaurantes, seja em shoppings ou na rua. Sem dívidas, o grupo financia toda a sua expansão com capital próprio e recursos injetados por novos sócios-operadores locais.
A holding, da qual Barreira é sócio, é controladora das lojas, mas cada uma delas tem um CNPJ diferente. Um balanço consolidado do grupo é elaborado anualmente pela PWC. Perguntado sobre os indicadores do balanço, Barreira informa apenas a receita — R$ 1,6 bilhão em 2022.
Emissão de ações ou de dívida
O empresário não descarta acessar o mercado de capitais, seja via emissão de ações ou de dívida, para acelerar a expansão do grupo. No entanto, por ora, Barreira projeta dobrar o tamanho da rede em cinco anos, sem precisar fazer isso.
As mais de 70 unidades do grupo estão espalhadas por todas as regiões do país, sendo 22 em São Paulo e 10 em Brasília, hoje as duas maiores praças da rede, isoladamente. Em Fortaleza, sede da empresa, são sete unidades.
Sem planos de aquisição, a empresa pretende crescer organicamente com a marca Coco Bambu e alavancando duas bandeiras novas próprias: a rede Vasto, de carnes, que tem cinco unidades e a Coffee Break, de cafés, com uma. “Estamos desenhando também um modelo de um restaurante italiano, em fase embrionária”, afirma o empresário.
Fonte: Valor Econômico