Por Redação |
A Mobly passa por um momento desafiador em demanda, mas acredita que o pior está ficando, pouco a pouco, para trás. A companhia conduziu uma reestruturação completa desde o fim da pandemia, com resultados que começam a ficar mais evidentes neste o início de 2023. No primeiro trimestre, a companhia teve um prejuízo 13% menor do que o registrado no ano passado, de R$ 22,5 milhões, mesmo com redução de receita em 4%. Além disso, o balanço traz uma perspectiva otimista para o futuro: a companhia prevê sair do terreno de queima de caixa para voltar a gerar a partir do segundo semestre.
“Queimamos R$ 30 milhões de caixa no primeiro trimestre, o que é menos da metade do gasto de um ano atrás. A cifra só não foi menor por causa do fator sazonal da Black Friday. Para a data, compramos mercadorias que ainda estamos pagando. No fim, vamos ter uma queima de caixa significativamente menor do que a do ano passado”, diz Victor Noda, cofundador da Mobly e CEO, ao EXAME In.
A expectativa reflete um longo trabalho focado em rentabilidade. No fim do ano passado, também em entrevista ao EXAME In, a companhia detalhou que havia reduzido a queima de caixa de R$ 30 milhões para R$ 2 milhões a partir de demissões e de uma revisão com lupa na despesa operacional. Renegociações de contratos, devolução de centros de distribuição e de lojas foram os principais impactos para trazer um balanço mais saudável para a empresa.
Foram esses esforços que permitiram à empresa apresentar, no primeiro trimestre — o primeiro sem custos de rescisão — um recorde em ganho de margem bruta para o período, na comparação com a concorrência [/grifar]. De acordo com o balanço, a Mobly ganhou 4,4 pontos percentuais no indicador, enquanto a empresa que mais se aproxima da companhia ganhou 2,8 p.p. No trimestre, a companhia teve 43,5%.
O foco em estabilizar a situação da companhia para enfrentar um ambiente ainda desafiador segue. “A maior preocupação ao longo dos meses tem sido gerar GMV”, diz Noda. No primeiro trimestre, a queda no indicador foi de 9% na comparação anual, para R$ 200 milhões.
Como parte da ‘operação de guerra’, a companhia ainda colocou em prática ações como a sublocação de áreas de centro de distribuição. Com a queda de faturamento e a expansão da malha logística, essa é a melhor forma de aproveitar a ociosidade, na visão da empresa. Além disso, revisões de custos com data centers também entraram na pauta. Combinados, esses fatores vão trazer uma economia de US$ 25 mil por mês. Também estão na mira iniciativas de redução de gastos de energia, tanto nas lojas quanto em centros de distribuição.
O foco em eficiência operacional, no caso da Mobly, se soma ao fator de que a companhia não tem uma dívida financeira alta. Usualmente, nem dívida financeira a empresa tem, mas, neste primeiro trimestre, fez uma focada em financiamento de produto importado, para alongar o prazo de pagamento para produtos da Ásia. Mas, ainda assim, trata-se de um fator muito mais operacional do que puramente financeiro.
A situação ligeiramente melhor do que a da concorrência — aliada a conversas que de fato aconteceram — fez com que a empresa fosse alvo de uma especulação de compra da Tok&Stok no início deste ano. Questionado a respeito desse ponto, Noda afirma que a empresa mantém conversas não só com eles, mas com outras empresas do setor.
“Na nossa visão, existe muito alinhamento e sinergia estratégica com diferentes players, não só com a Tok&Stok. O desafio, que é recorrente no nosso setor, é encontrar um momento para que os dois lados estejam prontos ou interessados em fazer uma transação. Em algum momento, de médio a longo prazo, uma consolidação faz sentido”, diz Noda.
Fonte: Revista Exame