Por Fernando Paiva | O WhatsApp começou a disponibilizar para pequenas e médias empresas a possibilidade de receber pagamentos com cartão de crédito, débito ou pré-pago das bandeiras Mastercard e Visa diretamente em uma conversa com seus clientes dentro do app de mensageria. A novidade por enquanto está restrita a algumas empresas, mas será liberada aos poucos ao longo dos próximos meses para todas aquelas que usam o WhatsApp Business. Esse tipo de operação havia sido autorizada pelo Banco Central no começo de março, acompanhada da exigência de que o lançamento acontecesse somente 30 dias após a comunicação oficial das bandeiras de cartões para seus parceiros em seus respectivos arranjos de pagamento. Apenas Brasil e Índia contam com a funcionalidade de compras com cartão disponível até o momento – justamente os dois maiores mercados do WhatsApp no mundo. O WhatsApp ainda não informou quando a novidade será liberada para as grandes empresas que usam sua API.
Para pagar no WhatsApp, o consumidor precisará, primeiramente, cadastrar um cartão dentro do app. Os dados do cartão são criptografados e o usuário define também uma senha de autenticação para os pagamentos futuros. Depois disso, quando estiver conversando com uma empresa que aceita pagamento por WhatsApp, bastará selecionar os produtos ou serviços desejados e enviar o carrinho de compras, recebendo de volta um pedido de pagamento por parte da empresa. Então, deverá escolher o cartão cadastrado e digitar seu PIN para efetivar o pagamento.
No momento, os bancos e as bandeiras cujos cartões podem ser cadastrados no WhatsApp são os seguintes: Banco do Brasil (Visa); Inter (Mastercard), Bradesco (Visa), BTG+ (Mastercard), Caixa (cartão de débito virtual Visa); Mercado Pago (Visa); Neon (Visa); Next (Visa); Nubank (Mastercard); Santander (Mastercard e Visa); Sicoob (Mastercard); Sicredi (Mastercard e Visa); Woop (Visa).
Os bancos Original (Visa) e Itaú (Mastercard e Visa) já permitem o cadastro de cartões no WhatsApp, porém, apenas para transferências entre pessoas, não para pagamentos para empresas.
Ao contrário das transferências entre consumidores (P2P) dentro do WhatsApp, os pagamentos para empresas (P2M) não têm nenhum limite estabelecido pela Meta. Mas cada credenciadora tem liberdade para definir suas regras antifraude e, eventualmente, bloquear alguma transação que parecer suspeita.
Por enquanto só é possível fazer pagamentos à vista. Mas o parcelamento está no roadmap da Meta, ainda sem data prevista de lançamento. Também está nos planos futuros da empresa a integração com o Pix.
Lojistas, redes de adquirência e modelos de negócios
As empresas que quiserem receber pagamentos pelo WhatsApp precisam ter conta em alguma das redes de adquirência que estão integradas à solução no Brasil. Por enquanto são três: Cielo, Mercado Pago e Rede. As compras são tratadas como transações online, ou seja, com cartão não-presente. As taxas cobradas são definidas por cada rede de adquirência.
O WhatsApp não cobrará nenhuma taxa diretamente dos lojistas ou dos consumidores. Porém, será remunerado pelas redes de adquirência, por um valor não divulgado. Sobre o modelo de negócios, a companhia enviou a seguinte explicação para Mobile Time:
“Do lado do WhatsApp, vamos gerar alguma receita com a cobrança de taxas dos adquirentes, cujo valor não divulgamos, mas esse não é nosso foco principal de receita no momento. Nossa visão para o WhatsApp como plataforma de negócios é que empresas e pessoas possam se beneficiar de uma experiência de compra completa sem sair de uma conversa. Parte importante da nossa estratégia de monetização está ligada aos anúncios com clique para WhatsApp. Esperamos que ao ajudar as empresas a criarem um canal de vendas completo, desde a descoberta até a compra e o pagamento, isso tenha o potencial de aumentar a adoção do uso de anúncios que levam para uma conversa no WhatsApp para promoverem seus negócios. Hoje, CTWA já representa uma receita anualizada de USD 1,5 bilhão e um crescimento de 80% ano contra ano. Olhando para essa tendência, que já é realidade também no Brasil, entendemos que aqui está nossa grande oportunidade também com pagamentos.”
Análise
De acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel no Brasil, o WhatsApp é o aplicativo móvel mais popular do País, presente em 99% dos smartphones brasileiros. E 93% dos seus usuários declaram que abrem o app todo dia ou quase todo dia.
Por ser um dos canais de comunicação mais utilizados no País, era natural que as empresas também marcassem presença nele. Primeiro informalmente, depois através de ferramentas homologadas, como o WhatsApp Business e a API do WhatsApp, companhias de todos os portes, desde multinacionais até mercadinhos de bairro, passaram a se comunicar com seus clientes pelo aplicativo. Algumas o utilizam para tirar dúvidas dos consumidores, e outras já realizavam vendas, em geral enviando links de pagamento abertos via browser ou solicitando um Pix.
60% dos consumidores móveis brasileiros já fizeram compras pelo WhatsApp, informa a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre comércio móvel. Agora, a experiência será mais fluida com o recurso de pagamento nativo com cartão de crédito no WhatsApp e os números tendem a crescer.
A chegada desta novidade tende a acelerar o povoamento do WhatsApp por empresas e pode provocar, em alguma medida, uma migração de vendas de sites web para dentro do app de mensageria. Isso vai depender, contudo, da facilidade e da comodidade da experiência. Dependendo do varejista e da sua vertical de atuação, a jornada em um site talvez seja mais rica e atraente para o consumidor, por conter mais recursos multimídia. Por sua vez, o WhatsApp tem como vantagem o fato de o brasileiro já estar familiarizado com a sua interface.
Fonte: Mobile Time