25/02/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
O grupo DPSP, dono das redes de farmácias Pacheco e Drogaria São Paulo (DPSP), procurou semanas atrás a cadeia norteamericana CVS para retomar as conversas para a venda da sua operação, antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. É a primeira sinalização mais clara de que a DPSP aceita se desfazer do negócio, após a empresa recusar duas ofertas da CVS em 2014. Parte dos sócios da DPSP, liderados pelos controladores da cadeia paulista, tem interesse na venda e teria pressionado a família Barata, dona da Pacheco, para que o negócio avance. Segundo uma fonte a par do assunto, a última proposta da CVS colocada na mesa, em meados do ano passado, envolvia valores de R$ 5 bilhões e, na época, os bancos Espírito Santo e Morgan Stanley, que representam os sócios da DPSP, recusaram a oferta. “Ainda há interesse da CVS, mas não por certos valores que têm sido mencionados pelo mercado”, diz uma fonte. Dias atrás, começaram a circular informações no setor de que a CVS teria oferecido R$ 6,5 bilhões pela DPSP, e que as conversas avançaram após se chegar a esse patamar equivalente a 16 vezes o valor do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, da sigla em inglês), que foi de pouco mais de R$ 400 milhões em 2014. Em 2013 foi de R$ 345 milhões. A expansão nos resultados de 2014 foi meta da companhia ao longo do ano, ajudando a “turbinar” o valor de venda do negócio, e criando condições de a DPSP a voltar a negociar com a CVS numa faixa de valores mais alta. Um executivo do setor lembra que a valorização do dólar desde o segundo semestre de 2014 aumenta as chances de que as partes fechem um acordo. A fase de investigação e auditoria nas contas e nos negócios da DPSP devem começar nas próximas semanas. Desde que as conversas entre as redes começaram, um ano atrás, o dólar se valorizou 25%. Em moeda estrangeira, os US$ 2,2 bilhões (R$ 5 bilhões) mencionados nas últimas tratativas entre as partes equivalem hoje a R$ 6,2 bilhões. A CVS avalia que há alguns pontos negativos na operação, em especial no Rio de Janeiro, onde a Pacheco tem lojas antigas e há muita concorrência de redes informais. Já os vendedores entendem que a DPSP é um dos grandes ativos à venda no varejo de farmácias. Logo, na visão da DPSP, se a CVS não fechar um acordo, terá poucas opções entre operações de grande porte. A Pague Menos, a maior rede do Nordeste, não aceita vender o controle. A Panvel, historicamente, descarta uma negociação e tem presença só no Sul do país. Segundo fontes ouvidas, até o momento não houve uma integração dos negócios das duas redes Drogaria São Paulo e Pacheco que se juntaram em 2011. Ainda há divisões de comando dentro da empresa: a operação da Pacheco não é comandada pelo presidente do grupo, Gilberto Ferreira, mas por Samuel Barata, 83 anos, fundador da Pacheco. A família Barata tem fatia de 51% na DPSP, e os 12 sócios da Drogaria São Paulo, 49%. Ronaldo de Carvalho é o acionista na linha de frente da Drogaria São Paulo. E Samuel Barata é presidente do conselho de administração da DPSP. Barata mantinha posição contrária à venda, em parte pelo preço inicialmente proposto pela CVS, abaixo do esperado por ele, e pelo fato de ele ter uma relação muita próxima ao negócio. Agora, cresce no grupo a ideia de que há chance de vender, pelo preço certo. Procurada, a DPSP informa que não irá se pronunciar sobre o assunto. A CVS também não se manifestou.
Valor Econômico – SP