A posição de caixa da Renner está permitindo à varejista de moda fazer de tudo — e mais um pouco
Por Pedro Arbex
A companhia acaba de concluir um programa de recompra de 18 milhões de ações (cerca de 1,8% do capital) a um preço médio de R$ 25,20. (O papel negocia hoje a R$ 27,62)
Além disso, antecipou o pagamento dos dividendos do primeiro semestre deste ano para os acionistas.
Geralmente, a companhia junta todos os dividendos anunciados ao longo do ano e paga tudo em abril do ano seguinte. Neste ano, ela já pagou em julho os dividendos do primeiro semestre, e a tendência é que faça o mesmo nos próximos trimestres (pagando os dividendos do terceiro tri em outubro, e os do quarto tri em fevereiro do ano que vem).
Para completar: a Renner pretende quitar até o final do ano cerca de R$ 1,1 bilhão que vencem em outubro e novembro — em vez de rolar a dívida.
Boa parte da dívida que será paga (duas debêntures e uma CCB) foi tomada no início da pandemia, quando a companhia optou por fortalecer seu balanço diante do cenário de incerteza.
Com o pagamento, a Renner vai reduzir sua dívida bruta de R$ 3,4 bilhões para R$ 2,3 bi, com o restante vencendo no longo prazo e rodando a CDI + 2%, em média.
“Estamos com uma posição de caixa que nos deixa confortáveis para fazer tudo isso,” o CFO Daniel Martins disse ao Brazil Journal.
A Renner começou o ano com mais de R$ 6 bilhões em caixa — boa parte vindo do follow-on de abril do ano passado.
Depois de pagar os dividendos, fazer a recompra e quitar a dívida, a Renner ainda terá uma posição de caixa acima de sua média histórica: R$ 3,2 bilhões, ou um caixa líquido (excluindo as dívidas) de cerca de R$ 1 bilhão.
A Renner também está entrando agora no período de maior geração de caixa operacional do ano. Historicamente, a companhia consome caixa no primeiro tri (com a construção do estoque), começa a gerar um pouco de caixa no segundo tri — mas o grosso mesmo vem no segundo semestre, quando acontecem a Black Friday e o Natal.
O sellside estima que a Renner deve ter um free cash flow (FCF) de R$ 500-650 milhões este ano, com mais de dois terços concentrados na segunda metade do ano.
A companhia vale R$ 27 bilhões na bolsa e negocia a 16,14 vezes o lucro estimado para o ano que vem.
Fonte: Brazil Journal