O objetivo é automatizar processos de vendas e unificar a loja física com os canais de venda online, inclusive integrando sistemas dos shoppings aos marketplaces
Por Ana Paula Lobo
Maior administradora de Shoppings do país, a Aliansce Sonae entendeu que tinha de apostar tudo na tecnologia para manter os negócios em tempos de pandemia. E saber usar os dados disponíveis foi estratégico. “Nós apostamos muito em inteligência de dados. Ela foi base para toda a nossa estratégia”, conta ao Convergência Digital, o CIO, Fábio Moraes. Uma das iniciativas em curso é o lançamento do shopping digital.
O ambiente já funciona noShopping Parque D. Pedro, em Campinas, e no Shopping da Bahia, em Salvador, é possível, por exemplo, reservar um restaurante e pagar o estacionamento sem filas, além de ofertas especiais em lojas e eventos. A plataforma é personalizada, integrada com o estoque do lojista. A base de dados vem de um sistema desenvolvido internamente chamado BAHIA, para toda a parte de analytics.
O objetivo é automatizar este processo de vendas e unificar a loja física com os canais de venda online, inclusive com a integração de sistemas dos shoppings com marketplaces como Mercado Livre e Amazon. “Até o final do ano queremos levar para mais cinco shoppings esse modelo”, afirma Moraes.
Dentro do site dos shoppings, o WebApp conecta clientes e lojistas de 36 shoppings dos 39 shoppings administrados pela Aliansce Sonae a partir de uma plataforma simples e responsiva, que funciona como um aplicativo sem necessidade de download nas páginas dos centros de compra. Esta plataforma direciona o consumidor para os canais digitais de suas lojas preferidas. Mais de cinco mil lojistas estão plugados, recebendo pedidos que chegam por e-commerce (38%), Whatsapp (35%), drive thru (22%) e delivery (5%).
Este ano, os shoppings também passaram a adotar vitrines virtuais com catálogo por hiperlink via Whatsapp e Instagram, além de uma seleção de produtos que são exibidos pelo Google My Business, em resposta às buscas feitas pelos clientes pelo nome dos empreendimentos. A partir dali,o consumidor é encaminhado para os canais digitais das lojas.
A tecnologia do Shopping Digital se soma ao projeto batizado de PEG, um hub logístico que funciona nos estacionamentos dos shoppings – sem pagamento do ticket – permitindo que o consumidor possa retirar suas compras no modelo drive thru ou ainda em lockers, de uma forma rápida e sem contato com ninguém. A estrutura completa deste ecossistema inclui ainda logística reversa e estacionamento exclusivo para agregadores e delivery. O Parque D. Pedro Shopping, em Campinas, é o primeiro a receber o PEG com toda a estrutura embarcada. O próximo será o shopping da Bahia.
O CIO da Aliansce Sonae salienta que sem profissionais especializados em analytics seria muito complexo pensar todas essas mudanças. “Até bem pouco tempo a missão de trazer clientes para dentro do shopping era só do lojista. Agora é missão de todo o ecossistema. E usar dados é crucial para fidelizar esse cliente”, conta Fabio Moraes. Na equipe dele de tecnologia, por exemplo, há cinco cientistas de dados.
A inovação passa também por apostar em startups. A Aliansce Sonae tornou-se uma das âncoras corporativas da Fábrica de Startups em 2019, em um projeto de aceleração que contou com a inscrição de cerca de cem startups. Vinte delas foram aceleradas, gerando a negociação com quatro e, por exemplo, a implementação de um clube de vantagens.
A companhia também está consolidando seu Data Lake como uma base única e completa de dados e informações que são fundamentais para entender os padrões de comportamento dos clientes. Para auxiliar no mapeamento de dados, há soluções envolvendo geolocalização, big data, machine learning e inteligência de dados, além de cruzamento de dados de mídias sociais e web analytics.