Empresa esteve nos últimos meses em contato com bancos e assessores para uma aproximação com outras varejistas que tenham sinergia com a operação
Por Adriana Mattos e Mônica Scaramuzzo
A Westwing, varejista de móveis e itens de decoração, busca redes interessadas em adquirir o controle da empresa, disseram duas fontes a par do assunto.
Desde a abertura de capital da companhia, em fevereiro, o seu valor de mercado já encolheu quase 22% — ontem, fechou o dia valendo R$ 1,1 bilhão. Mais da metade das ações ordinárias (com direito a voto) está no mercado — controle pulverizado —, então uma negociação teria que passar por uma oferta aos minoritários.
A empresa esteve nos últimos meses em contato com bancos e assessores para uma aproximação com outras varejistas que teriam alguma sinergia com a operação. O Valor apurou que a Renner, controladora da Camicado, e a Riachuelo, dona da Casa Riachuelo, foram sondadas por representantes da empresa já após a oferta. Procuradas, as duas empresas não se manifestaram.
Em maio, informações que circulavam no mercado sobre um acordo no setor chegaram a afetar o desempenho do papel na bolsa — no fim daquele mês, em três pregões, as ações subiram pouco mais de 20%. A CVM enviou ofício à rede perguntado sobre a alta na cotação e a empresa informou que não tinha conhecimento de nenhum fato que justificasse a valorização.
A ação da companhia saiu na oferta a R$ 13 e ontem fechou em R$ 10,16. Pouco menos de 26% das ações está com a Oikos Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, que reduziu consideravelmente sua fatia com a oferta — antes do IPO tinha 88,3% do capital. Membros da diretoria também venderam maior parte de seus papéis em fevereiro. Carlos Andres Mutschler, CEO da rede, tem 0,68% das ONs (eram 6,7% antes do IPO), e Eduardo de Oliveira, diretor vice-presidente de operações, tem 0,51% (eram 3,7% até a abertura).
Acionistas com menor participação — e que entraram após o IPO — são a Kapitalo Investimentos, com 5,25%, a Tork Capital, também com 5,25%, e a Equitas, com 7%. O Itaú Unibanco, em fevereiro, tinha 4,5%, segundo última atualização naquele mês.
A busca por redes já com um pé no mercado de decoração e itens para casa pode acelerar ganhos de escala e aprimorar a capacidade de logística e distribuição da empresa. Internamente, essa área já avançou nos últimos meses, por meio da Westlog, o seu braço próprio de entregas. Mas apesar da força da marca nas classes A e B, a empresa precisaria de mais investimentos para se transformar numa plataforma nacional, com logística mais ágil, e não apenas focada em São Paulo, o seu maior mercado.
“Com a forte competição e ausência de vantagens competitivas, a Westwing precisará buscar mais crescimento para ficar à frente das concorrentes”, disse a analista Danielle Nicoli, da Nord Research.
O Valor apurou que há um entendimento entre os sócios que a companhia ganharia essa tração mais rapidamente dentro de uma operação maior e complementar, com criação de sinergias operacionais. A Westwing atua num segmento pulverizado e que se expandiu rapidamente após a pandemia.
Os maiores gastos das classes de alta renda com casa e decoração ajudou a sustentar essa alta, mas os resultados finais ainda não deixam claro se essa alta deve se manter.
A receita líquida, de janeiro a março, avançou cerca de 83%, para R$ 61 milhões. O valor transacionado no site e aplicativo somou R$ 95,6 milhões – alta de 91,1%. Os gastos com o IPO afetaram o resultado final — o prejuízo líquido foi de R$ 16,6 milhões (contra R$ 2,5 milhões no mesmo período de 2020).
A Westwing Brasil foi fundada em 2011 como subsidiária de uma multinacional alemã de mesmo nome que, além do Brasil, estabeleceu operações na Europa e Ásia. Após um período de rápida expansão de 2012 até 2016, a marca passou a receber menos investimentos controladores da época, que decidiram focar seus recursos no mercado europeu. Em 2018, a empresa terminou o acordo com o grupo alemão, após um “management buyout” patrocinado pelo fundo de private equity Axxon Group.
Fonte: Valor Econômico