11/12/2014 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A varejista de vestuário Gap – que foi trazida ao Brasil no ano passado pelo grupo Blue Bird – vai abrir mão de rentabilidade para acelerar seu processo de expansão no país. A companhia antecipou neste ano seu processo de abertura de lojas, com a ampliação de duas para dez unidades, das quais cinco foram inauguradas no segundo semestre. Para 2015, o foco da varejista é ganhar participação de mercado e, para isso, a Blue Bird pretende manter ou reduzir os preços dos produtos da Gap.
A Gap trabalha no Brasil apenas com itens importados. Pierre Schrappe, diretor comercial da Gap no Brasil, disse que a companhia avaliou ao longo do ano a resposta dos consumidores aos preços e viu a necessidade de fazer ajustes. Parte das linhas sofreu reduções de preços de 25%.
“Ainda não foi repassado o reajuste cambial neste ano e a estratégia para o próximo ano consistirá em manter os preços”, disse Schrappe. No acumulado do ano até ontem, o dólar comercial se valorizou 10,86% em relação à moeda brasileira, de acordo com cálculo do Valor Data.
A desvalorização do real, segundo Schrappe, exerceu um impacto direto na rentabilidade da operação brasileira. “Neste momento estamos abrindo mão de margem e rentabilidade para tornar a marca acessível à maior parte dos consumidores. A conversa que temos com a matriz é no sentido de manter preços, mesmo se o câmbio ficar mais desfavorável, para garantir crescimento no médio e longo prazos”, disse o executivo.
A expectativa de Schrappe com a estratégia é ganhar escala com vendas mais fortes e, consequentemente, reduzir custos. A companhia avalia ainda começar a produzir parte dos itens localmente no futuro, dependendo da demanda alcançada no país.
Após atingir 10 lojas no país, a Gap prevê chegar a 15 unidades até 2017, das quais duas já têm abertura programada no próximo ano, uma no Shopping Iguatemi, em Campinas (SP), e outra em Salvador, ainda sem local definido. O executivo disse que, embora o ano não seja auspicioso para o varejo de moda no país, a empresa tem obtido vantagens nas negociações de financiamento com bancos e no fechamento de contratos com shopping. “Como a concorrência pelos espaços de lojas está menor, o custo do investimento acaba sendo um pouco menor”, disse.
Além das oito lojas da Gap, o grupo Blue Bird abriu neste ano duas lojas da bandeira Luigi Bertolli, uma unidade da Emme e uma da Cori. “A Luigi Bertolli mais que dobrou o número de lojas nos últimos cinco anos. Neste ano, o foco foi a expansão da Gap”, disse o executivo.
Para 2015, a meta da companhia será obter ganhos de escala para melhorar a rentabilidade. Schrappe disse que as lojas, em média, começam a ter resultado operacional positivo a partir de um ano de operação. Mas o retorno do investimento com a rede da Gap deve demorar de três a cinco anos.
A Blue Bird não divulga seus resultados financeiros, nem dá projeção de vendas da Gap no Brasil. Globalmente, a Gap fechou o terceiro trimestre fiscal (concluído em 1º de novembro) com alta de 4,2% no lucro, para US$ 351 milhões, e queda de 0,3% na receita, para US$ 3,97 bilhões, com retração nas vendas da Gap e da Banana Republic nos Estados Unidos.
Valor Econômico – SP