Considerada a “Supreme brasileira”, marca de streetwear faz lançamentos semanais de itens em pouca quantidade, com venda 100% online
Por Geraldo Samor e Pedro Arbex
A Arezzo&Co está comprando a BAW Clothing — a marca de streetwear que só vende pela internet e cresceu no corpo da Geração Z, o público de 20 a 30 anos colado na música e na cultura pop — em mais um passo na construção de seu portfólio de marcas aspiracionais.
Com coleções ao mesmo tempo básicas, confortáveis e funcionais, a BAW foi de R$ 2 milhões para R$ 40 milhões em faturamento nos últimos quatro anos e espera fazer R$ 80 milhões este ano.
Calcada num modelo de escassez, em que a companhia produz poucas unidades de um mesmo modelo e faz lançamentos semanais, a BAW replicou no streetwear brasileiro a mesma pegada de marcas como a Supreme e Off-White — com um preço médio de R$ 194.
“A BAW é a Supreme brasileira,” o CEO Alexandre Birman disse ao Brazil Journal. Em novembro, a VF — dona de marcas como a Vans e a Timberland — comprou a Supreme por US$ 2,1 bi.
A Arezzo está pagando R$ 105 milhões por 100% da empresa — R$ 35 milhões em dinheiro, R$ 50 milhões em ações com um lockup de quatro anos, e os outros R$ 20 milhões ao longo de cinco anos. A transação envolve ainda um earnout de R$ 10 milhões condicionado a metas de receita e margem bruta para este ano.
O múltiplo implícito é de 1x a 1,3x a receita bruta de 2021.
A marca nasceu com DNA tecnológico. A plataforma da BAW roda sobre diversos softwares desenvolvidos internamente: do separador de mercadorias ao ERP de gestão financeira. Diversas decisões de produto — como a estampa da próxima cueca — se baseiam em data analytics e conversas com clientes. A marca tem 1,2 milhão de seguidores no Instagram.
A BAW é a primeira aquisição da AR&Co — a plataforma de lifestyle e vestuário da companhia liderada por Rony Meisler, o fundador da Reserva — e também a primeira da Arezzo&Co depois de tentar comprar a Cia. Hering em abril.
Fundada em 2014 pelos irmãos Bruno e Lucas Karra — dois paulistanos do Bom Retiro que viram o pai trabalhar com malharia nos últimos 50 anos — a BAW começou produzindo peças básicas em ‘black and white’, daí seu nome de batismo.
Pouco depois, evoluiu para uma abordagem colorida, descolada e indiferente a gênero, permitindo a homens e mulheres usar as mesmas peças.
O que o cliente da BAW veste: baggy pants, moletons, peças multicores, looks esportivos, t-shirts, biker shorts, calças pantalonas, tops e meias.
As cores que usa? Verde militar, azul oceano, lavanda, vermelho páprica, rosa e amarelo claro.
Cerca de 35% dos clientes da marca têm entre 18 e 24 anos, e outros 42% têm de 25 a 34.
As mulheres são cerca de 70% da clientela.
A BAW já fez ‘collabs’ com marcas como Bauducco, Nickelodeon e Coca-Cola — na semana passada, fez com a C&A — e trabalha intimamente com influenciadores digitais para promover suas coleções.
A Arezzo&Co pretende abrir lojas físicas da BAW — ou ‘brand temples,’ no jargão das marcas americanas — em linha com sua visão de que a omnicanalidade é o futuro do varejo. Um ‘quick win’: usar sua expertise em calçados para lançar os primeiros designer sneakers da BAW.
Tanto os dois fundadores quanto os outros dois sócios, Celso Ribeiro e Fernando Frizzatti, continuarão trabalhando na operação. Ribeiro é um consultor que trouxe expertise em marketing digital e tem 10% da BAW; Frizzatti é o CTO da marca.
A Píer Partners assessorou os fundadores da BAW, que tiveram aconselhamento jurídico do Zavagna Gralha Advogados.
O Stocche Forbes assessorou a Arezzo&Co, que não envolveu bancos na transação.
Fonte: Brazil Journal