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Relatório da Safra Corretora publicado na última quinta-feira, 15, destaca encontro com o especialista do setor de varejo Henrique Mascarenhas, da GfK, empresa de estudos de mercado. O consultor ressaltou as perspectivas positivas para as vendas eletrônicas, apesar da visão macro nebulosa e das comparações difíceis de 2020. Ele destacou também a importância da estratégia omnichannel na jornada do consumidor, já que 52% das empresas usam os canais on-line e off-line como parte de sua experiência de compra.
De acordo com o relatório do Safra, o encontro com Mascarenhas mostrou um “potencial lado bom” para mudar o sentimento atual dos investidores, que temem um desempenho morno para o varejo, arrastado pela redução na renda do consumidor, por pressões inflacionárias e pela base de comparação difícil a partir de 2021.
O documento assinado por Guilherme Assis ressalta que, para o consultor, o consumidor brasileiro ainda carrega demanda latente reprimida e o avanço no calendário de vacinação com a consequente retomada da geração de empregos deve levar a uma retomada das vendas no segundo semestre de 2021.
“Como Mascarenhas destacou, não esperamos retração para os níveis de 2015 e 2016 (o que representaria queda de 35% nas vendas). Vemos um cenário mais positivo, especialmente para os grandes players que oferecem uma experiência omnichannel. Com isso, esperamos que o Magazine Luiza (MGLU3, indicação de compra com preço-alvo a R$ 32) continue ganhando market share (50% em 2020 contra 43% em 2019)”, afirmam os analistas do Safra.
Forte demanda reprimida
Muitos consumidores, afirma Mascarenhas, experimentaram compras on-line pela primeira vez em 2020, aprendendo a usar os canais digitais. Durante o período, as vendas de eletrônicos de consumo cresceram 22%, impulsionadas pelo bom desempenho de dispositivos de TI (aumento de 50% em relação ao ano anterior), eletrodomésticos (aumento de 29% ano a ano) e linha branca (aumento de 23% ano a ano).
Em sua fala, o consultor frisou, entretanto, que 81% dos consumidores relataram dificuldades em comprar, principalmente devido ao forte aumento de preços causado pela desvalorização do real (que elevou os preços no atacado) e a falta de produtos nas redes globais.
“Além disso, destacamos a preocupação com a pandemia, o aumento do desemprego e a redução da massa de rendimentos como fatores que se agravaram ao longo do ano e devem travar as vendas no varejo ao longo do primeiro semestre de 2021. Olhando pelo lado positivo, dados recentes apontam para uma demanda reprimida nas principais categorias, que, somada a uma aceleração da vacinação e ao aumento da confiança do consumidor, deve levar a um segundo semestre positivo”, ressaltam os analistas do Safra.
Tíquetes médios menores
Em relação ao futuro, o consultor mencionou que os fabricantes devem se adaptar à nova realidade, trazendo mais produtos básicos para atender a menor renda do consumidor, que deve sustentar volumes, mas com tíquetes médios menores.
Em meio aos desafios do ano, Mascarenhas destacou o bom desempenho das empresas que oferecem uma jornada omnichannel para seus clientes. As empresas tradicionais que utilizaram omnichannel – modelo de negócios usado pelos comerciantes para operar tanto uma loja on-line quanto uma loja física – cresceram 87% ano a ano até o terceiro trimestre de 2020, enquanto os players on-line puros apresentaram um crescimento de 21% ao ano – as vendas tradicionais despencaram 22% ao ano.
No encontro com os analistas do Safra, o consultor apresentou uma pesquisa da Gfk que mostra que 53% das vendas foram “phygital” (físico mais digital), o que significa que o consumidor brasileiro transita pelos canais on-line e off-line, independentemente do local final da compra. Além disso, Mascarenhas projeta a manutenção das vendas on-line após o fim da pandemia.
“Isso nos leva a estimar a continuação de uma penetração on-line de 40% (25% antes da Covid-19). Nossa visão é que players como o Magazine Luiza, que está ampliando sua experiência omnichannel, estejam mais adaptados à jornada do novo consumidor brasileiro”, concluem os especialistas da Safra Corretora.
Fonte: Valor Econômico