27/11/2014
Com passivo de R$ 105 milhões, a Manlec começa a respirar mais tranquila com a divulgação do seu plano de recuperação judicial. Protocolado no dia 17 de outubro na Vara de Falências, Concordatas e Insolvências de Porto Alegre, o plano ainda depende da publicação oficial através do órgão. Após isso, os cerca de 300 credores da empresa têm o prazo de um mês para fazerem alguma objeção e o documento segue para homologação judicial. A partir daí a loja de eletros e móveis poderá começar a colocá-lo em prática.
De acordo com o plano, as dívidas trabalhistas da empresa (R$ 9 milhões) com os 763 funcionários de todo o Estado devem ser quitadas dentro de 12 meses, com deságio e juros de 1%. Os débitos quirografários com fornecedores e prestadores de serviços somam R$ 96 milhões e serão pagos em 240 meses, também com deságio de 45%, iniciando após 18 meses de carência.
De acordo com o documento, as principais causas da situação financeira da recuperanda são crise financeira e alta concorrência no setor, inadimplência, falta de capital de giro, elevação dos custos financeiros e administrativos, a retração do mercado, e até mesmo a greve dos rodoviários na Capital no início do ano, entre outras.
O sócio-diretor da SMR Assessoria e Consultoria Empresarial, Silvio Luciano Santos, que participou da elaboração do documento, diz que o objetivo principal é manter a empresa em funcionamento e reestruturá-la econômica e financeiramente. Como a empresa não conta com imóveis suficientes para pagar o montante devido, a única saída é se manter em operação, diz Santos.
Para isso, a administração da Manlec está mobilizada em montar parcerias estratégicas com um pool de empresas, visando manter o fornecimento de mercadorias. A varejista enfrenta, há alguns meses, a queda no estoque devido à crise e extinguiu as operações de venda pela internet (e-commerce), mantendo apenas as transações das lojas físicas e dos produtos disponíveis no estabelecimento.
Desde que a Manzoli S/A, razão social da organização, ingressou com o pedido de recuperação judicial, seus gestores vêm implementando estratégias de recuperação econômica e financeira da sociedade. Dentre elas, está o fechamento de seis filiais que estavam com a operação deficitária e cortes no seu quadro pessoal. A manutenção da atividade é o objetivo principal, mas nada impede que haja mais cortes no quadro de funcionários e de lojas, adverte o advogado da Manlec contratado para o processo de recuperação judicial, João Medeiros Fernandes Jr.
O pedido de recuperação havia sido feito em agosto. A expectativa é que o edital do plano seja publicado pela Vara de Falências da Capital ainda neste mês.
Jornal do Comércio on-line – RS