Faccio, diretor-presidente da Lojas Renner: com advento da desintermediação financeira, papel da financeira ganha ainda mais importância — Foto: Divulgação
A Realize CFI, financeira da Lojas Renner, deve lançar no primeiro trimestre de 2021 uma carteira virtual, também conhecida como “wallet”, que será um marco no processo de digitalização da companhia, iniciado há quase três anos. Com 6 milhões de cartões ativos, a financeira já responde hoje por cerca de 20% da receita do grupo.
“Assim como as demais empresas do grupo, a Realize vem em uma estratégia de inovação, usando o digital para melhorar a experiência de consumo dos nossos clientes e a produtividade das equipes. É um ente muito relevante no nosso ecossistema e, com o advento da desintermediação financeira, tem um papel que ganha ainda mais importância”, afirma Fábio Faccio, diretor-presidente da Lojas Renner.
A Renner foi a primeira varejista a ter cartão próprio, em 1973. De lá pra cá, foram emitidos mais de 32 milhões de plásticos. Os cartões Renner servem para compras nas lojas do grupo – que incluem também as marcas Camicado, Youcom e Ashua – e os “white label”, com as bandeiras Visa e Mastercard, são cartões de crédito tradicionais.
Gustavo Maniero, diretor da Realize, diz que a financeira ainda tem bastante espaço para crescer dentro do ecossistema da Renner, não só com cartões para os clientes, mas também oferecendo crédito para toda a cadeia logística, desde parceiros a fornecedores, vendedores. Ele assumiu o comando da Realize há três meses, após passagens pela Bunge, Magazine Luiza e Itaú.
Com a criação da wallet, a Realize vai ampliar a oferta de produtos e serviços, com opções de seguros, crédito pessoal e investimentos. Recentemente, recebeu do Banco Central autorização para prestar serviços de pagamento relativos à modalidade emissor de moeda eletrônica e também está se preparando para aderir ao Pix. “A conta digital é um catalisador, vamos começar a entregar cada vez mais produtos financeiros diferentes, que atendem nosso cliente em diferentes momentos da sua vida.” O nome dessa carteira digital ainda está em discussão.
A financeira também lançou o seu primeiro produto de investimento, por meio da plataforma da XP Investimentos, um CDB que já captou mais de R$ 107 milhões desde junho.
Ainda assim, a pandemia afetou os resultados da Realize. Com as lojas fechadas, muitos clientes que estavam acostumados a ir presencialmente pagar suas faturas ficaram inadimplentes. Com isso, a financeira teve de elevar provisões, enquanto a originação de crédito caía. No terceiro trimestre, a receita líquida teve queda anual de 53,8%, a R$ 132,5 milhões, levando a um prejuízo de R$ 51,2 milhões. Nos nove primeiros meses deste ano, o resultado é de R$ 22,3 milhões, com queda de 92,4% sobre o mesmo período de 2019. Em setembro, a carteira de crédito bruta da companhia era de R$ 2,867 bilhões, com alta anual de 0,5% e uma inadimplência de 22,9%.
“Hoje estamos em um processo de retomada bastante acelerado. Percebemos que as novas safras estão com inadimplência muito em linha com a série histórica e as originações também estão voltando em ritmo bastante forte, e por consequência a receita também. Voltamos a viver uma situação muito próxima à normalidade”, diz Maniero.
Fonte: Valor Econômico